Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Diversidade de meios de investimento é tendência para mercado imobiliário dos EUA

Revolução do processamento de dados trará mudanças no apoio financeiro ao setor

Na última semana, foram apresentadas no ULI Fall Meeting, evento realizado pelo Urban Land Institute, em Boston, nos EUA, as principais tendências para o mercado imobiliário americano em 2019.

O financiamento das atividades imobiliárias é uma questão central para o seu desenvolvimento. Estudo aponta que a diversidade de investidores e formas de investimento são tendências claras, que devem se solidificar e se aliar à pluralidade de produtos imobiliários.

A revolução da informação e do processamento de dados, que estrutura os modelos de investimento mais sofisticados, trará modificações importantes na competição e na eficiência do apoio financeiro ao setor imobiliário.

A maior cidade dos Estados Unidos, Nova York
A maior cidade dos Estados Unidos, Nova York - Angela Weiss - 24.set.2018/AFP

A revitalização urbana das cidades americanas recebeu um tremendo impulso com o fluxo de pessoas da geração “milennials” –jovens com idade em torno de 30 anos–, e esse fato tem sido extremamente significativo para a formatação do mercado. Contudo, à medida que esses jovens envelhecerem e formarem suas famílias, a tendência é que se comportem de forma mais parecida com seus pais e isso, a médio prazo, levará à reestruturação da matriz de oferta de produtos residenciais.

A Inteligência Artificial (IA) não pode ser desconhecida nas tendências do mercado. Entretanto, o impacto da IA dar-se-á mais na forma como o trabalho é realizado do que sobre o número de trabalhadores.

A “Forrester Research” estima que, até 2027, a IA afetará até 25% das tarefas diárias realizadas pelos trabalhadores. A integração dessa tendência com a logística de transporte das indústrias tem grande potencial para estimular a mudança de projetos e a localização dos futuros edifícios destinados à cadeia de suprimentos.

A grande maioria das vendas no varejo ainda acontece por meio de um canal físico. Mas o comércio eletrônico continua crescendo e se expandindo em setores como os de bens de luxo, considerados relativamente isolados da concorrência online.

A transformação contínua do setor de varejo é multifacetada, com a parte mais notável dessa transformação sendo a diminuição do espaço de varejo per capita nos Estados Unidos, uma tendência que deve se manter na próxima década.

Esse encolhimento no espaço de varejo ocupado não é apenas um movimento em direção aos níveis globais; é também o resultado da reformulação no atendimento às necessidades dos consumidores, com o fechamento de locais que não fazem mais sentido neste novo ambiente de varejo.

Nos EUA, de acordo com o departamento nacional de habitação e desenvolvimento urbano, existem 12 milhões de americanos que gastam mais de 50% do salário com habitação, e vem caindo o índice de acesso à moradia, principalmente pela elevação dos preços.

Desde 2015, a combinação entre elevação de preços e aumento das taxas de juros em financiamentos hipotecários fez com que diminuísse em 15% o índice de acesso à moradia. Pesquisadores da academia e da indústria estimam a necessidade de 4,6 milhões de moradias para locação até 2030.

A política de restrição à imigração deve ter efeitos negativos imediatos na economia, diminuindo o potencial de crescimento econômico a médio prazo. Esse fato pode, entre outras consequências, comprometer os investimentos no mercado imobiliário.

O estudo aponta ainda que o desempenho do mercado imobiliário depende da união dos setores público e privado, a fim de abordar e gerenciar prioridades competitivas da operação da cidade e da atividade econômica, tais como externalidades ambientais, demandas no espaço público e regramento do uso do solo.

Essas tendências e modelos de operação podem se aplicar ao mercado brasileiro. Vamos ficar atentos.

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