Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Os efeitos da poluição do ar na primeira infância

Segundo relatório da OMS, poluentes trazem mais riscos às crianças do que aos adultos

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A poluição do ar é uma questão mundial de saúde pública e, embora afete pessoas de todas as idades, atinge de forma importante os mais vulneráveis, as crianças.

Segundo relatório publicado neste ano pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a poluição traz mais riscos às crianças do que aos adultos, devido à combinação de fatores comportamentais, ambientais e fisiológicos.

As crianças são excepcionalmente vulneráveis e suscetíveis à poluição do ar, especialmente durante o desenvolvimento fetal e em seus primeiros anos de vida, quando pulmões, órgãos e cérebro estão em desenvolvimento. Elas respiram mais rápido que os adultos, absorvem mais ar e, assim, mais poluentes.

Cidade de São Paulo vista do alto. Camada de poluição é bastante visível
Vista do Pico do Jaraguá, em São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

As crianças vivem mais perto do solo, onde alguns poluentes atingem picos de concentração. Elas podem passar muito tempo fora, brincando e se engajando em atividades físicas em locais onde o ar é potencialmente poluído. Recém-nascidos e bebês, por sua vez, passam a maior parte do tempo em ambientes fechados, onde ficam mais suscetíveis à poluição interna das habitações.

Embora a maioria das pessoas não tenha ciência desse fato, dentro das habitações pode haver uma grande concentração de poluentes no ar, oriundos do tabaco, de compostos orgânicos voláteis encontrados nas tintas, pesticidas, produtos de limpeza e, ainda, gases produzidos por combustíveis fósseis usados para cozinhar. Cerca de três bilhões de pessoas no mundo dependem ainda de combustíveis fósseis para o preparo de alimentos e aquecimento.

O relatório da OMS aponta que a poluição interna das habitações causou prematuramente, em 2016, a morte de 400 mil crianças com idade inferior a 5 anos. O relatório registra que 630 milhões de crianças no mundo, com idade inferior a 5 anos, estão expostas a níveis de material particulado superiores aos limites de qualidade do ar definidos pela organização.

Em função dos claros indícios, as associações de profissionais ligados à saúde estão preocupadas com os crescentes impactos negativos da poluição do ar nas crianças. Embora novas pesquisas sobre o assunto sejam necessárias, as evidências científicas existentes são suficientes para que se tomem medidas objetivas para reduzir a exposição de mulheres grávidas e crianças à poluição atmosférica.

Os profissionais de saúde geralmente tratam os efeitos das doenças relacionadas à poluição. Contudo, raramente recebem treinamento para identificar e gerenciar as causas subjacentes e são envolvidos na formulação de políticas. Assim sendo, devem ampliar seu papel no gerenciamento da exposição infantil à poluição, com o desenvolvimento de métodos de controle mais eficientes e ações coletivas planejadas, no sentido de prescrever soluções para reduzir a exposição à poluição atmosférica.

Os poluentes não estão sujeitos às fronteiras políticas ou geográficas, e há de ser construído um modelo, com cooperação internacional, para minorar a exposição das crianças, principalmente na primeira infância, à poluição atmosférica.

O relatório da OMS deixa claro que a exposição à poluição do ar pode alterar a trajetória das crianças ao longo da vida, com complicações importantes para sua saúde. Em alguns casos, os danos podem ser irreversíveis, mas também evitáveis.

As fontes de risco e os efeitos sobre a saúde são diversos e complexos. A solução, por sua vez, é clara: é necessário reduzir a exposição das crianças aos agentes poluentes. O trabalho conjunto das organizações, em caráter mundial, pode ajudar a proteger milhões de jovens vulneráveis aos efeitos nocivos da poluição do ar.

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