Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Planejamento urbanístico pode ajudar na prevenção de crimes

Ocupação do espaço público, iluminação e estruturação de vias têm papel importante nesse cenário

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São Paulo

Os crimes contra as pessoas e o patrimônio são bastante conhecidos pelos habitantes das cidades. A falta de segurança vem se tornando um dos maiores problemas para os administradores municipais, na maior parte das áreas urbanas do mundo.

Menina pula corda na Av. Paulista
Menina pula corda em um domingo na avenida Paulista, quando a via está fechada; estratégia, que chama população a ocupar espaços públicos, pode ajudar a diminuir violência urbana - Zanone Fraissat/Folhapress

Em muitos países, e mesmo no Brasil, a segurança pública não é uma atribuição municipal. Porém, isso não significa que o município não possa tomar medidas para prevenir crimes. Na verdade, além das ações policiais, é possível usar novos conceitos e criatividade no planejamento de um ambiente urbano voltado à prevenção da criminalidade, modelo que vem evoluindo nas últimas décadas, baseado em experiências e pesquisas.

Nesse sentido, o governo do estado de Queensland, na Austrália, publicou um interessante estudo, que explora as alternativas de prevenção da criminalidade no ambiente urbano.

Segundo esse estudo, os conceitos que ancoram as ações destinadas a evitar crimes em áreas urbanas estão relacionados com o fato de que os crimes têm menor propensão a ocorrer se existirem mais pessoas no entorno, que possam ver o que está acontecendo, e com a existência de alternativas e opções seguras para o uso dos espaços públicos. Nesse sentido, algumas diretrizes básicas são importantes.

A estruturação das vias, de tal forma que possam acomodar com segurança e conforto veículos, pedestres e ciclistas, aumenta o número de pessoas nas ruas. É possível aumentar a segurança local ao projetar os edifícios possibilitando sua interação com o logradouro adjacente e posicionando-o para que as pessoas dentro das edificações possam visualizar os espaços públicos e, na medida do possível, os outros edifícios no entorno.

Projetar e planejar espaços públicos de âmbito local, possibilitando que as pessoas possam parar, sentar, descansar e interagir com a comunidade, são ações que contribuem para melhorar a segurança e impulsionar as relações sociais.

Em muitos casos, a existência em um mesmo bairro de uma ampla variedade de tipos de edifícios e atividades, além de diferentes classes sociais, dá maior amplitude ao modelo de vigilância passiva, durante maior número de horas do dia, e encoraja um senso comunitário mais duradouro.

Planejar rotas seguras para pedestres a partir das paradas de transporte público é outra ação importante. Calçadas e caminhos amplos e iluminados, na linha de visão dos edifícios no entorno, podem ser importante sob o aspecto de segurança.

Praças e parques públicos devem ser projetados para se ajustarem às diversas formas de utilização, que podem acontecer durante os dias de semana ou nos fins de semana, nos períodos diurnos e noturnos.

Nesse contexto, o engajamento da comunidade no planejamento desses espaços pode agregar aspectos da cultura local e encorajar o sentido de pertencimento, o que tornará sua utilização, além de segura, mais funcional e próxima da escala humana.

Fica claro que os espaços urbanos desempenham um papel fundamental na segurança das cidades e, embora seja importante o desenvolvimento de conceitos que possam ser aplicados com eficiência no planejamento dos espaços públicos, a participação dos principais atores envolvidos nesse processo é fundamental.

Não só os planejadores urbanos, mas os cidadãos que usam os espaços diariamente. E os empreendedores imobiliários, responsáveis pelo planejamento dos espaços privados construídos no entorno dos espaços públicos, devem participar ativamente no processo de concepção de um modelo que possibilite aos habitantes vivenciar e desfrutar a cidade com maior segurança.

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