Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Tecnologia pode ser usada a serviço da manutenção de pontes e viadutos

É fato que estruturas se deteriorarão com o tempo, mas processo pode ser retardado

Pontes e viadutos desempenham papeis cruciais na rede de transportes, principalmente nas áreas urbanas. Recente acidente com uma ponte na cidade de São Paulo, em uma importante via de ligação, trouxe aos paulistanos a magnitude desse tipo de problema, e a importância da existência de sistemas eficientes de manutenção preventiva nessas estruturas.

É muito difícil prever com exatidão o processo de deterioração das estruturas das pontes e dos viadutos, pois estão submetidas a condições diversas e efeitos cumulativos, relacionados não só à grande pluralidade de carregamentos a que estão sujeitas, mas a ações resultantes das variações de temperatura, dos efeitos corrosivos da poluição provocados pelos mais diferentes tipos de gases presentes na atmosfera, dos impactos de veículos e do processo de desgaste natural de determinados componentes.

Desnível em elevado de acesso da marginal Pinheiros; estrutura cedeu durante feriado de 15 de novembro
Desnível em elevado de acesso da marginal Pinheiros; estrutura cedeu durante feriado de 15 de novembro - Reprodução/TV Globo
 

É fato que as estruturas se deteriorarão com o tempo e o uso, mas um adequado programa de manutenção preventiva pode retardar de forma relevante esse processo, aumentando sua vida útil, ao mesmo tempo em que oferece mais segurança aos usuários e maior previsibilidade para a ocorrência de determinados eventos.

Embora todas as pontes devam passar por esse processo de manutenção preventiva, as mais antigas requerem mais atenção e, seguramente, exigirão maiores cuidados. Quando uma cidade deixa pontes e viadutos envelhecerem, sem os necessários cuidados de manutenção, terá muito mais dificuldades para mantê-las em condições de uso, gerando aumento de custos de manutenção e acúmulo de problemas e riscos.

A literatura técnica recomenda que a manutenção preventiva de pontes e viadutos seja feita com base em avaliações periódicas, que podem ser divididas em três níveis distintos.

Em um primeiro nível, as inspeções visuais feitas por técnicos especializados devem ser rotineiras e podem identificar anomalias súbitas ou indicadores que mereçam atenção imediata.

O segundo nível envolve um programa permanente de coleta de dados sobre as estruturas e seus componentes, que pode alimentar um sistema de programação de manutenções preventivas, de acordo com o tipo da estrutura, idade e espécie de esforços a que está submetida.

Finalmente, um programa de investigações de engenharia mais detalhado, em função das necessidades relativas a especificidades técnicas e construtivas de cada ponte ou viaduto.

Além disso, as pontes podem ser instrumentalizadas com sensores conectados a redes sem fio.

As medições do desempenho da ponte por esses sensores incluem a detecção de alterações nas propriedades químicas e elétricas dos materiais, eventualmente relacionadas a deterioração, envelhecimento em revestimentos e mudanças no ambiente de serviço ou exposição.

Podem ser usadas, também, células de carga, permanentemente inseridas nos apoios das pontes para permitir a verificação periódica do trajeto e a magnitude dos carregamentos. Sensores de fibra ótica embutidos na estrutura permitem a detecção de trincas e medição de eventuais deformações.

Os dados são analisados e os problemas detectados automaticamente por computadores em estações de trabalho centrais. Dessa forma, os técnicos serão capazes de avaliar com precisão a condição estrutural e formular estratégias corretivas adequadas.

Embora engenheiros experientes sejam imprescindíveis para uma avaliação precisa da condição estrutural de pontes e viadutos, a tecnologia aumentará muito sua capacidade de fazer os diagnósticos corretamente, e tomar decisões com a precisão e a rapidez necessárias.

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