Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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O urbanismo social, de Barcelona a Medellín

Cidades são precursoras de plano de desenvolvimento urbano e social igualitário

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Muro grafitado com rosto de criança
Muros grafitado na Comuna 13, na periferia de Medellín, na Colômbia - Pedro Diniz/Folhapress

​​O que é urbanismo social? Ele pode ser definido como um modelo que promove estratégias e transformações urbanas voltadas à diminuição da pobreza, à inclusão social e à integração positiva das pessoas com o espaço urbano.

Medellín, na Colômbia, pode ser considerada uma das cidades precursoras da América Latina em adotar esse modelo, principalmente quando, em 2004, incluiu como principal objetivo no plano de desenvolvimento do município os conceitos de uma cidade igualitária, onde todos os cidadãos poderiam construir uma relação entre si, estimulada por uma vizinhança rica em oferta de cultura, espaços e serviços públicos.

Para implementar esses princípios na prática, Medellín criou um programa chamado Projeto Urbano Integral (PUI), desenvolvido para concentrar intervenções e recursos em áreas delimitadas pela administração.

Esse programa foi baseado em estratégia composta por três componentes principais: o físico, estruturado pelos espaços públicos e amenidades, o social, baseado na participação da comunidade e por sua apropriação do projeto, e o institucional, responsável pela organização estruturada e integração dos programas sociais municipais.

Contudo, podemos dizer que as bases do urbanismo social surgiram a partir do denominado “modelo de Barcelona”, quando a cidade se preparava para os jogos olímpicos de 1992.

Dentre as características principais do “modelo de Barcelona”, está um desenho urbano para garantir a qualidade arquitetônica dos espaços públicos e sua concepção como dispositivo eficiente para conexão social.

Do ponto de vista social, o principal objetivo do “modelo de Barcelona” era alcançar um equilíbrio, ou seja, uma distribuição uniforme de equipamentos públicos e instalações para garantir melhor qualidade de vida para a população em geral. O intuito era reforçar o sentimento de que todo indivíduo compartilha a vida urbana, e exprimir a sensação de que todos estariam participando da nova cidade.

A primeira ação com o objetivo de estruturar esse novo modelo foi criar mecanismos que permitissem a renovação dos espaços públicos obsoletos e degradados, e sua conexão com novos parques. Foi reforçada, também, a relação existente entre a área central e a periferia metropolitana, que se beneficiou das intervenções na área central.

Outra ação importante foi a criação de grandes complexos urbanos, estruturados em 12 áreas denominadas “áreas de novas centralidades” ou “novas áreas centrais” distribuídas pela cidade. Quatro delas foram usadas como áreas Olímpicas.

Esses “hubs” foram localizados na intersecção de estradas importantes, em locais onde existiam antigas infraestruturas abandonadas, como estações ferroviárias e grandes áreas desocupadas. O objetivo dessas novas centralidades foi redistribuir a atividade econômica e os espaços urbanos de qualidade por toda a cidade, o que, obviamente, teve reflexos sociais importantes.

Embora as mudanças urbanas e sociais possam estar vinculadas, principalmente, às intervenções físicas, certamente a aplicação desses conceitos em cidades da América Latina deve sofrer adaptações, sobretudo, no que diz respeito aos níveis de pobreza, desigualdade, segregação e violência urbana.

Aspectos estruturais ligados ao desemprego e déficit habitacional devem receber, da mesma forma, especial atenção.

Portanto, ao praticar o urbanismo social, as cidades devem estruturar as transformações urbanas conectadas às realidades socioeconômicas e especificidades locais, promovendo a integração das pessoas de forma saudável com os espaços e equipamentos públicos, tendo como foco, de forma bastante determinada, um novo patamar de qualidade de vida para os menos favorecidos.

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