Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Proteger prédios históricos pode impulsionar a economia urbana

Além de preservar história, boa gestão desses edifícios pode revitalizar bairros

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Na maioria das grandes cidades do mundo, existe uma enorme tensão entre a preservação histórica e a pressão pela modernização e o desenvolvimento dos centros urbanos.

Contudo, a busca pelo equilíbrio entre os conceitos que modelam a preservação como um perigoso impedimento para o desenvolvimento, e as concepções de que nenhum tipo de intervenção urbana pode se aproximar dos edifícios históricos devem ser os objetivos daqueles que pretendam encontrar a necessária e harmoniosa convivência entre a conservação da memória das cidades e a imprescindível manutenção da dinâmica de mudanças urbanas.

Tanto as dificuldades impostas para modernizar a operacionalidade dos edifícios tombados quanto os obstáculos para que o desenvolvimento ocorra em seu entorno  são ações contra a preservação da memória das cidades.

Talvez o primeiro aspecto a ser enfrentado no âmbito dos próprios edifícios tombados seja a modernização de sua operação sem macular os aspectos principais que determinam sua importância histórica.

O encorajamento do adequado retrofit desses edifícios poderá aumentar sua competitividade no mercado, estimulando sua utilização ao mesmo tempo em que melhora sua eficiência energética, resiliência e sustentabilidade. A falha em incentivar esse tipo de intervenção pode condenar os edifícios ao abandono e à degradação.

É preciso compreender que essas joias históricas da arquitetura, se bem cuidadas, além de garantir a preservação da memória urbana, passam a ser um atrativo para o desenvolvimento de seu entorno, até mesmo valorizando a região. Por outro lado, quando são abandonadas e deterioradas, ao contrário, passam a se tornar um estímulo para a degradação da vizinhança.

O equilíbrio entre a herança cultural e as demandas econômicas passa, também, por leis de preservação que estimulem a inserção nas novas construções de elementos históricos do passado e que tenham significado para a memória local, perpetuando determinadas características das cidades e trazendo para o cenário urbano interessantes trabalhos da arquitetura contemporânea baseados em elementos históricos.

A arquitetura, seja ela dos antigos ou modernos edifícios, tem um longevo impacto na memória de determinados lugares. Portanto, podem e devem conviver lado a lado.

Exemplos são abundantes, incluindo quase todos os edifícios projetados por figuras como Zaha Hadid, Rem Koolhaas, Santiago Calatrava e Frank Gehry, entre outros. Seus edifícios têm a capacidade de transformar um bairro, ao que muitos se referem como o efeito Bilbao –termo cunhado depois que o museu Guggenheim, projetado por Frank Gehry, ajudou a reverter a economia de Bilbao, na Espanha.

No entanto, deixando de lado o eventual impulso na economia, é primordial estabelecer mecanismos adequados para possibilitar a construção dessas maravilhas arquitetônicas no entorno ou mesmo conectadas aos edifícios históricos.

Embora, principalmente em cidades brasileiras, existam mecanismos de preservação que impedem novas construções de determinada magnitude se aproximarem de edifícios tombados, em muitas cidades do mundo, edifícios fantásticos têm sido construídos em harmoniosa convivência com os prédios históricos.

Quando o mundo velho e o novo se juntam, o resultado pode ser inspirador. A extensão de Zaha Hadid à Casa do Porto, na Bélgica, que parece uma nave espacial ligada a um prédio do século XIX, e o belo choque de novos e antigos de Daniel Libeskind com o Royal Ontario Museum do Canadá, são exemplos da união da arquitetura moderna e da histórica para produzir algo melhor que a soma de suas partes.

Devemos aprender com essas experiências e tornar a proteção aos edifícios históricos não só um elemento fundamental para a preservação de nossa herança cultural, mas um mecanismo importante para a alavancagem da dinâmica econômica urbana.

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