Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Claudio Bernardes

A capacidade de adensamento das cidades

Carecemos de estudos para desenvolver modelos que nos permitam definir níveis seguros de concentração urbana

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A economia de escala gerada pelo adensamento de áreas urbanas e seus efeitos positivos na sustentabilidade das cidades são incontestáveis. Contudo, o rápido crescimento urbano e o adensamento populacional causam mudanças no processo de desenvolvimento social e econômico. Essas mudanças não só ancoram a expansão das cidades, mas também podem trazer grande pressão sobre as estruturas urbanas e o meio ambiente.

Em princípio, a capacidade de adensamento de determinada área refere-se ao limite de concentração populacional, ao desenvolvimento físico e às atividades socioeconômicas que podem ser ali sustentadas de forma contínua pelos sistemas de apoio urbano, sem que sofram degradação aparente e danos irreversíveis.

 

Portanto, é extremamente importante que possamos estabelecer os níveis adequados de adensamento em determinadas regiões das cidades, de tal forma que não seja superada a capacidade máxima de suporte de suas estruturas urbanas, examinadas não como fatores isolados, mas como um sistema composto.

Para tanto, o primeiro passo seria o conhecimento preciso da infraestrutura existente, de seus níveis de utilização e, consequentemente, da capacidade ociosa que dispõem e que possa ser ainda utilizada eventualmente na expansão da cidade.

Identificar essas informações para cada tipo de estrutura urbana isoladamente não é difícil. Por outro lado, determinar a capacidade do sistema composto por todos os tipos de infraestrutura urbana em determinada região, e suas inter-relações possíveis, é um problema complexo.

As estruturas urbanas principais a serem consideradas inicialmente no sistema devem ser as relacionadas ao abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, energia, comunicações, transportes e equipamentos públicos, cujas informações precisam ser avaliadas em conjunto com outras resultantes dos efeitos gerados pelo uso e pela ocupação do solo.

Diferentes usos e atividades demandam e influenciam de forma diferente as estruturas urbanas. Dessa forma, torna-se fundamental na região estudada a correta avaliação e quantificação dos impactos provocados por cada uma delas, e pela conjugação de todas em cada situação fática, ou mesmo as combinações mais prováveis, em caso de projeções de desenvolvimento futuro.

Em princípio, modelos de desenvolvimento não poderiam ser concebidos sem que antes fosse considerada a capacidade de suporte de determinadas regiões e, em função disso, arbitrados os níveis compatíveis de adensamento e a alocação mais adequada de determinadas atividades.

De qualquer forma, a existência de um conjunto de indicadores adequados à mensuração da capacidade de adensamento poderia permitir aos gestores municipais a realização de monitoramentos de rotina, que possibilitassem a identificação de áreas deficientes, onde seria necessária a alocação de recursos para equilibrar sua capacidade de suporte com as demandas existentes e projetadas.

Seguramente, carecemos de estudos mais aprofundados para desenvolver modelos simplificados, que nos permitam, com relativa precisão, definir os níveis seguros de adensamento em determinadas regiões das cidades.

Isso nos propiciará acoplar aos conceitos urbanísticos de desenvolvimento as metodologias científicas que garantam os resultados preconizados pelo modelo de crescimento proposto. É preciso compreender, ademais, que a capacidade de adensamento refere-se ao equilíbrio da combinação orgânica que envolve atividades humanas, espaço urbano, meio ambiente, atividades econômicas e sociais.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.