À medida que a rede de transportes de massa se desenvolve em uma cidade, cresce a importância da infraestrutura para pedestres como componente da matriz de mobilidade.
O projeto e as condições das calçadas podem ser determinantes não só para a locomoção, mas para a interação entre os cidadãos, contribuindo também para uma vida mais saudável das pessoas. Uma rede de calçadas bem projetada garante não apenas uma conexão agradável entre dois ou mais pontos, mas também a qualidade e a segurança dos percursos, garantindo equidade e acessibilidade a toda a população, ao mesmo tempo em que pode produzir um impacto extremamente positivo na atratividade da cidade.
Como preparação para a chegada dos veículos autônomos, as ruas das nossas cidades devem acumular novas formas de inteligência artificial, viabilizada por legiões de sensores e sistemas conexos. A direção assistida nos ajudará a evitar uma ampla gama de perigos e a nos manter seguros em nossos veículos. Navegadores de última geração coletam informações da cidade e da infraestrutura rodoviária em tempo real, para recomendar as melhores, mais rápidas e menos congestionadas rotas.
Mas, e as calçadas? Não podem, da mesma forma, prescindir de sistemas inteligentes para facilitar a vida daqueles que por elas caminham. Dessa forma, com o auxílio da tecnologia podemos repensar as calçadas do futuro, considerando a estruturação de espaços que contemplem, de forma conjugada, privacidade, interação, eficiência e conforto aos pedestres.
Por outro lado, a formatação física dos espaços para caminhar deve ter atenção especial. As calçadas podem ser transformadas em caminhos verdes, com plantação de mais árvores e vegetação ao longo de sua extensão, o que ajudaria a diminuir ilhas de calor e melhorar a qualidade do ar. O espaço extra para isso virá por meio da eliminação de áreas destinadas ao estacionamento de veículos nas ruas, que perderão sua função com o advento dos carros autônomos e maior utilização do transporte ativo e de massa.
Com mais áreas verdes ao redor de nossos edifícios e menos veículos em nossas ruas, poderemos até mesmo reconsiderar os materiais que empregamos para construir e pavimentar as calçadas. De fato, além de adicionar árvores e vegetação, poderíamos reduzir o uso de materiais como aço e concreto, e retomar a utilização de materiais mais amigáveis do ponto de vista ambiental.
As calçadas devem ter tamanho adequado, que comporte, além do espaço para caminhar, área para mobiliário urbano e para a transição entre o passeio e os edifícios. Drenagem eficiente é outro atributo importante, pois poças d’água as tornam inadequadas para caminhar.
Todos os espaços públicos devem ter acesso universal, principalmente as calçadas. A verificação dos potenciais usuários e de suas eventuais limitações ajuda a garantir, no processo de planejamento, o atendimento às necessidades de todos.
Os pedestres, muitas vezes, usam as calçadas para fazer a transição entre diferentes modos de transporte público. É importante, portanto, que as calçadas sejam conectadas e integradas de forma segura às outras redes de transporte.
Sinalização adequada não pode faltar nesses espaços. Da mesma forma que os motoristas de veículos, os pedestres precisam de informações claras para se orientar na cidade, além de entender as regras e diretrizes para o uso de determinadas calçadas.
Por fim, é importante a avaliação do impacto gerado pelo ecommerce, com potencial eliminação de lojas físicas ao longo das calçadas. Em função disso, torna-se necessário estruturar modelos para substituir esses espaços de forma a manter as calçadas como locais vibrantes e interessantes.
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