Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Cidades devem buscar equilíbrio entre mobilidade e acessibilidade

Sistemas de transporte com variedade de opções favorecem deslocamentos mais eficientes

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O aumento do poder aquisitivo permite às pessoas adquirir o primeiro automóvel, um desejo de liberdade, facilidade, rapidez e conforto na locomoção pela cidade.

Embora as viagens de automóvel até determinados níveis de saturação sejam eficientes e produtivas, excedidos esses limites, elas passam a ser danosas para a mobilidade, de forma geral, prejudiciais ao meio ambiente e podem até mesmo reduzir o desenvolvimento econômico.

Sistemas de transporte que ofereçam às pessoas variedade de opções favorecem os deslocamentos por modos mais eficientes para cada tipo de viagem. Esse modelo tem mais chances de funcionar em cidades compactas do que nas cidades dispersas.

Cidades compactas incentivam caminhadas e ciclismo, principalmente em função de padrões de uso do solo que favoreçam maior densidade populacional e diversidade de ocupação. Ao influenciar de forma positiva a estrutura espacial do tecido urbano, o planejamento do uso e ocupação do solo pode contribuir para reduzir o número e a distância das viagens dentro da cidade.

Cidades dependentes do automóvel alocam mais espaço para sua infraestrutura do que em outras formas de deslocamento, como caminhada, transporte de massa e ciclismo.

Caminhar, pedalar e utilizar transporte público geralmente se relacionam com viagens mais demoradas do que as realizadas com automóvel. Resultam, portanto, em uma menor mobilidade, uma vez que as pessoas se deslocam em distâncias mais curtas no mesmo período e, portanto, requerem mais acessibilidade no que diz respeito ao uso do solo. Isso significa que as pessoas devem morar mais perto dos locais onde desempenham suas atividades no dia a dia.

Dessa forma, é possível imaginar que, se o planejamento urbano priorizar acessibilidade sobre mobilidade, ficam evidentes as oportunidades para um maior adensamento e uso misto do solo. Por outro lado, priorizar a mobilidade sobre a acessibilidade possibilita às pessoas se deslocarem mais para alcançar seus destinos diários.

Seguramente, as cidades, de acordo com suas especificidades, deverão escolher os modelos que melhor se adaptam às suas necessidades; mas a busca por esse equilíbrio envolve também outros fatores.

Existe uma sólida relação entre o uso do solo e o tipo de transporte que utilizamos. Da mesma forma, existem estudos que mostram a dependência muito forte entre o uso do solo e a energia per capita consumida nas cidades para o transporte, relacionando densidade populacional e uso de veículos automotores. Os resultados indicam que à medida que aumenta a densidade populacional, cai drasticamente o consumo de energia per capita.

Em função do padrão de distribuição das atividades no tecido urbano, serão determinadas as soluções mais adequadas para cada cidade, seja ela monocêntrica, onde todas as funções estão concentradas em determinada localidade central, ou dispersa, onde existem várias centralidades, ou ainda com modelos compostos (uma combinação dos anteriores).

De qualquer forma, seja qual for o modelo de cidade, o equilíbrio entre acessibilidade e mobilidade pode ser potencializado quando o planejamento ajudar a evitar viagens motorizadas, influindo na diminuição das distâncias dos destinos mais comuns, possibilitando alternativas de transporte de massa eficientes e confortáveis para distâncias mais longas e melhorando a eficiência das viagens feitas por automóveis, pelo estímulo à diminuição do tamanho dos carros e o uso de combustíveis menos poluentes.

Enfim, as pessoas devem ter a mobilidade necessária para acessar seus destinos na cidade com conforto, segurança e no espaço de tempo compatível com o tamanho e a complexidade do tecido urbano.

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