O mercado imobiliário está intimamente ligado aos modelos de urbanização, às mudanças demográficas e tendências tecnológicas, ao comportamento da economia e às transformações sociais. Embora seu desempenho seja vinculado, de forma muito direta, às condições e à ambiência locais, algumas questões podem afetar de forma abrangente o mercado global.
Recente publicação da PwC (PricewaterhouseCoopers) - Real Estate 2020 – Building the Future - explora as tendências para o mercado imobiliário no mundo em 2020. Segundo o relatório, nas economias emergentes, a grande migração para os centros urbanos e o crescimento da população devem aumentar a demanda por imóveis. Nas economias mais avançadas, onde as cidades também estão crescendo, embora numa velocidade bem menor, a tecnologia, a demografia e as questões ambientais devem ser os vetores mais importantes.
À medida que novas cidades surgirem em nações de todo o mundo, a migração urbana aumentará. Espera-se que a China sofra a maior migração (1,5 milhão de novos residentes por mês nos próximos dez anos). Até cidades desenvolvidas estão testemunhando aumentos populacionais. Londres, por exemplo, receberá 2 milhões de novos residentes até 2031.
Embora o futuro do mercado imobiliário seja dominado pelos principais setores de escritórios, industrial, varejo e residencial, haverá algumas mudanças. Com o rápido envelhecimento da população, mais lares para idosos serão necessários e, dessa forma, essa área, com todas suas alternativas, deve se tornar um subsetor significativo do mercado.
Olhando para o setor imobiliário global, vemos um aumento na demanda por aplicativos de blockchain em algumas das regiões de desenvolvimento mais rápido, como China, Singapura e Sudeste Asiático. Mas será essa uma forte tendência moldando o futuro do setor imobiliário? Muitos players do setor hesitam em participar desse movimento, devido à conexão da blockchain à criptomoeda, que tem se mostrado extremamente volátil desde que ganhou atenção do mercado, em 2017.
Contudo, blockchain e criptomoeda não são a mesma coisa. Blockchain é simplesmente a tecnologia por trás do bitcoin e de outras criptomoedas. E essa tecnologia pode ser projetada para dar segurança a qualquer tipo de transação. O futuro das operações imobiliárias deve girar em torno da segurança desse novo modelo.
Inovação tecnológica e sustentabilidade serão os principais impulsionadores do valor imobiliário, aumentando, como consequência, a obsolescência de alguns tipos de imóveis.
As cidades que tiverem mais sucesso atrairão mais e mais pessoas e, como consequência, o preço dos imóveis urbanos deverá subir nesses locais. A acessibilidade cairá, induzindo a uma maior densidade urbana e ao lançamento de apartamentos menores. Os empreendedores não terão outra alternativa, deverão ser mais arrojados na forma como projetam e constroem os imóveis comerciais e residenciais, buscando usar o espaço com maior eficiência. Pré-fabricação e utilização de impressoras 3D têm potencial para desenvolver produção barata e ecológica.
Modernizar os edifícios existentes para melhorar seu desempenho é caro. Mas o que acontecerá com o seu valor se isso não for feito? Será que o prêmio pela sustentabilidade dos edifícios continuará a subir ou existe o perigo de uma bolha verde? Provavelmente, o mercado encontrará um ponto de equilíbrio para evitar distorções que prejudiquem suas operações. Segundo estimativas da PwC, globalmente, os administradores de ativos imobiliários verão seus portfólios atingirem US$ 107 trilhões em 2020, contra os US$ 64 trilhões de hoje.
O mercado imobiliário no ano de 2020, e nos seguintes, sofrerá rápidas e importantes mudanças. Para prosperar nesse mundo novo, os atores do mercado devem assegurar que tenham as qualidades e habilidades necessárias para operar num ambiente que exige modelos de negócio inovadores e novas formas de enxergar o consumidor.
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