Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Claudio Bernardes

A busca pelo equilíbrio no planejamento urbano

Projetos para as cidades precisam considerar vetores econômicos, sociais, políticos, ambientais e urbanísticos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

As cidades estão se tornando maiores e mais complexas, ao mesmo tempo em que apresentam novos desafios e oportunidades. Em função disso, as soluções e os métodos tradicionais de pensar as cidades não são mais tão eficientes.

Segundo Saskia Sassen, professora da Universidade de Columbia, nos EUA, as cidades, embora complexas, são sistemas incompletos. Nessa mistura de complexidade e incompletude, devemos buscar caminhos de equilíbrio entre os vetores econômicos, sociais, políticos, ambientais e urbanísticos que estruturam essas cidades.

Seguramente, planejar não significa prever o futuro, mas encontrar formas de que ele ocorra de determinada maneira. Nas cidades, devido a essa complexidade e incompletude, o exercício de planejar o futuro torna-se cada vez mais difícil. Sem equilíbrio nas ações e reações oriundas das intervenções possíveis no espaço urbano, provavelmente não conseguiremos garantir, com razoável segurança, que o desenvolvimento da cidade ocorra da forma planejada.

Panorama da cidade de São Paulo
Panorama da cidade de São Paulo - Leila Fugii - stock.adobe.com

Talvez uma maneira de buscar a melhor solução seja ir ao encontro de alternativas plausíveis e eficientes para coletar e organizar o conhecimento dos cidadãos sobre a cidade e os locais que eles frequentam ou atuam. O equilíbrio entre os conceitos técnicos a serem impostos de cima para baixo e aqueles existentes no seio da sociedade, sem viés ideológico ou político, pode ser uma primeira abordagem para essa questão.

Efetivamente, as cidades não são somente prédios, ruas, pontes e viadutos. Elas estão no centro dos sonhos, das aspirações e esperanças das pessoas, e aí está a sua personalidade. Portanto, a urbanização, a administração da infraestrutura e dos espaços públicos e a orientação do desenvolvimento da cidade devem estar coadunadas com seu capital humano, social e intelectual. A busca por essa harmonia deve trazer boa dose de equilíbrio ao planejamento.

Outra alternativa, que pode estar relacionada ao fato de a cidade ser um sistema incompleto, é buscar esse equilíbrio pela expansão metropolitana ou macrometropolitana, aliviando, dessa forma, a pressão sobre áreas específicas em grandes centros. Nesse aspecto, o planejamento deve estabelecer estratégias e momentos adequados para que esse desenvolvimento ocorra. Contudo, conseguir uma metropolização funcional e equitativa depende da construção simultânea de estruturas físicas e econômicas, e da conectividade dos novos centros.

A competição entre cidades para atrair investimentos e capital humano pode trazer desequilíbrio no desenvolvimento. Para mitigar esses efeitos indesejáveis, a parceria entre municípios pode ser especialmente crítica. As barreiras burocráticas e politicas devem ser superadas para possibilitar uma harmonia regional do ponto de vista econômico, social e ambiental. O aspecto puramente espacial que conecta os municípios pode, e deve, ser expandido para assuntos sociais, culturais, habitacionais, econômicos e de mobilidade.

As evidências são claras sobre o fato de homens e mulheres experimentarem as cidades de formas diferentes. Normalmente, os estruturadores de políticas urbanas não estão atentos ao fato de que decisões que desconsiderem a diferença de gênero podem causar desequilíbrios no planejamento, segregando espaços urbanos no que diz respeito às mulheres. Se o planejamento envolve a criação de espaços que funcionam para todos, é imperativo que as preocupações e especificidades do gênero feminino sejam consideradas.

Enfim, além de sua clara complexidade, as cidades estão se transformando em sociedades heterogêneas, multiétnicas e multiculturais, reforçando cada vez mais a relevância da busca pelo equilíbrio e pela harmonia dos modelos de planejamento urbano.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.