Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Laboratórios urbanos e uma nova abordagem a serviço da vida nas cidades

Um dos exemplos, o Sydney Science Park, deve se transformar num dos maiores centros de pesquisa da Austrália

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Imaginem toda uma cidade constituída em um laboratório vivo, onde os espaços e as pessoas são, de forma ativa, envolvidos no processo de projetar, desenvolver, implementar, testar e avaliar inovações que podem melhorar a vida nas cidades.

A cidade de Sydney, na Austrália, que vai receber o Sydney Science Park, que deve se transformar num dos maiores centros de pesquisa do país
A cidade de Sydney, na Austrália, que vai receber o Sydney Science Park, que deve se transformar num dos maiores centros de pesquisa do país - Bai Xuefei/Xinhua

Essa pode ser uma das respostas para o equacionamento da crescente complexidade urbana e dos enormes desafios sociais que se acumulam nos locais em que vivemos.

À medida que aumenta a complexidade dos sistemas urbanos, cresce a necessidade de a ciência informar e ajudar a transformar o processo de desenvolvimento das cidades.

Os laboratórios urbanos, operando como locais de inovação, podem trazer para as comunidades locais a expertise científica necessária para a fundamentação de ações voltadas à produção de dados, tecnologias e processos que melhorem a qualidade de vida nas cidades e as tornem mais resilientes.

O recente aumento de interesse na cidade experimental como uma arena dentro e por meio da qual a sustentabilidade urbana pode ser testada, marca o surgimento de revolucionárias formas para a experimentação de novos métodos, modelos, arranjos de governança, projetos de demonstração e gerenciamento de inovações.

Mostra também a crescente sensibilidade da comunidade científica, no sentido de que intervenções urbanas podem ser consideradas em termos experimentais.

Laboratórios urbanos vêm sendo implementados em várias partes do mundo. Experiências que podem ser de grande valia para aperfeiçoar essa importante ferramenta de auxílio à melhoria da vida urbana.
Na Austrália, surgem alguns exemplos interessantes.

O Sydney Science Park, com área de 280 hectares a oeste de Sydney, deve se transformar num dos maiores centros de pesquisa do país, onde serão experimentadas ideias e invenções voltadas ao desenvolvimento urbano.

Atualmente, estão sendo testados modelos que exploram o desenvolvimento e a aplicação de diferentes tipos de sistemas inteligentes de distribuição de água e energia, que possam se adaptar às mudanças climáticas.

O Darwin Living Lab, na cidade de Darwin, está testando a efetividade das medidas de mitigação de ilhas de calor em áreas urbanas.

Dessa forma, produz conhecimento e experiência em cidades tropicais, com potencial para traduzi-las em produtos e serviços a serem utilizados em cidades com características semelhantes em todo o mundo.

Localizado numa área de 700 hectares ao norte da capital australiana (Camberra), por meio da colaboração entre governo, indústria e comunidade, Ginninderra, uma antiga estação de pesquisa agrícola, está se transformando num laboratório para testar cientificamente inovações urbanas sustentáveis e soluções técnicas para as cidades do futuro.

Pesquisadoras da Luleå University of Technology, na Suécia, estudaram os laboratórios urbanos e concluíram que eles podem ser utilizados com muito êxito para a avaliação de soluções inovadoras, que visam resolver os desafios urbanos e contribuir para a sustentabilidade a longo prazo, construindo ativa e abertamente alternativas factíveis com cidadãos e outras partes interessadas.

A base para instalação e gerenciamento dos laboratórios urbanos está vinculada à perfeita compreensão de seus componentes principais.

As experiências em andamento podem servir de base para as cidades saberem como configurar, governar e gerenciar seus laboratórios de vida urbana e conhecerem os fatores que influenciam o teste de inovações e processos de desenvolvimento.

Dessa forma, será possível responder a perguntas como: quem deve se engajar e de que maneira?

Quais métodos devem ser aplicados para envolver os cidadãos? Quem inicia o processo, quem é responsável por executar o processo de experimentação, e como o modelo de governança de um laboratório de vida urbana deve ser estruturado para aumentar sua probabilidade de sucesso?

Está mais do que na hora de as cidades brasileiras começarem a pensar seriamente na implantação desses laboratórios.

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