Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Descrição de chapéu desmatamento

É preciso estratégia de fiscalização para acabar com o desmatamento na Amazônia

O desenvolvimento do Brasil não depende da ilógica supressão das florestas

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Terminar definitivamente com o desmatamento na Amazônia não só é possível, mas necessário e inadiável. É dispensável reiterar os incontáveis efeitos positivos provocados pelo ecossistema amazônico e sua biodiversidade, no equilíbrio climático e ambiental do planeta.

Temos assistido impassíveis, ano após ano, a evolução do desmatamento na nossa Amazônia, uma das maiores reservas naturais do mundo. Isso não tem sentido. Chega! Precisamos ter desmatamento zero na floresta.

Parece claro que as estratégias de fiscalização adotadas até agora não têm surtido o efeito desejado. Os mecanismos e as formas de interromper, com eficiência, esse processo de desmatamento precisam ser concebidos e implantados.

Hoje, segundo a MapBiomas, da área total da Amazônia de aproximadamente 850 milhões de hectares, 67% são ainda florestas e formações naturais, e a agropecuária ocupa quase 30% da área total.

Para o desenvolvimento do Brasil, não existe necessidade alguma de que continue a ilógica supressão das florestas na Amazônia. Nas áreas já desmatadas, se racionalmente utilizadas para a pecuária, por exemplo, seria possível, por meio do uso da tecnologia, aumentar em até 20 vezes a produtividade que hoje existe na região, sem que mais nenhuma árvore precise ser derrubada.

Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia, juntos, são responsáveis por 80% de todo o desmatamento ocorrido entre 2004 e 2019. Talvez devêssemos começar por esses estados.

É compreensível que fiscalizar toda área desses três estados —em torno de 3 milhões de quilômetros quadrados— não é tarefa simples. Contudo, é necessário que isso seja feito de alguma forma. Pará, com área de quase 1,3 milhão de quilômetros quadrados, é responsável por aproximadamente 40% de todo o desmatamento. Dessa forma, um programa de fiscalização concentrado, que se inicie por ali, pode ser um bom começo.

Uma análise do desmatamento no estado do Pará por mesorregiões nos indica onde o fenômeno ocorre com maior intensidade, em valores absolutos e proporcionais. Com esses dados, provavelmente seja possível traçar uma estratégia racional, com otimização de recursos, para que se obtenha uma fiscalização mais eficiente na região.

A mesorregião sudeste do Pará, por exemplo, onde houve o maior desmatamento em valores absolutos entre os anos 2000 e 2014, tem uma superfície de quase 30% da área do estado, e ali seria factível uma fiscalização intensiva, com a utilização das mais avançadas tecnologias disponíveis.

A mesorregião nordeste do Pará, onde houve o segundo maior desmatamento em valores absolutos, tem superfície bem menor, de aproximadamente 6% da área do estado, o que torna mais fácil a tarefa de fiscalizar e, talvez, seja o local mais indicado para a implantação de um projeto-piloto, onde se possa testar uma estratégia de fiscalização com o objetivo de zerar o desmatamento na Amazônia.

É urgente a instituição de um pacto nacional pelo desmatamento zero na Amazônia, e temos que começar de alguma maneira, mostrando ao mundo que estamos tratando nosso meio ambiente com responsabilidade e eficiência.

Contudo, não só pelo entendimento da necessidade ambiental inquestionável dessas medidas de proteção de nossa biodiversidade, deve ser demonstrado aos investidores internacionais que nossos processos de licenciamento ambiental são seguros, eficientes e ágeis. Caso contrário, igualmente, os afastaremos do país.

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