Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Claudio Bernardes

Igualdade de gênero no ambiente urbano

Muitas vezes, a cidade é construída para o usuário masculino, negligenciando algumas necessidades, interesses e rotinas dos demais cidadãos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Segundo relatório do Banco Mundial, as mulheres ocupam apenas 10% das vagas de empregos mais bem classificados nas principais empresas de arquitetura e urbanismo do mundo.

Nos EUA, elas representam somente 13,6% nas áreas de arquitetura e engenharia.

O planejamento das cidades vem se desenvolvendo a partir da busca por uma sociedade mais igualitária sob todos os aspectos, e a introdução de conceitos e modelos que tornem o uso dos espaços e serviços urbanos equilibrados, e com respeito à identidade de gênero, é fundamental.

Muitas áreas do planejamento urbano continuam a ser dominadas por homens e, dessa forma, continuam a reproduzir uma perspectiva unilateral na estruturação urbana.

A relevância dessa questão levou o Banco Mundial a publicar, recentemente, um manual que trata da inclusão de gênero no desenho urbano.

Lançado na 10ª Sessão do Fórum Urbano Mundial em Abu Dhabi, o manual fornece uma resposta prática e direta ao “esquecimento de mulheres, meninas e minorias sexuais” nos processos de desenvolvimento urbano.

Apresentando ferramentas, atividades e diretrizes para envolver as vozes representativas nas questões de gênero, e que não têm sido ouvidas nos processos que visam reimaginar as cidades, o manual é inovador e pode ajudar a construir cidades com mais inclusão.

Homens, mulheres e minorias sexuais e de gênero tendem a usar os espaços públicos de maneiras diferentes. Afinal, todas as pessoas têm necessidades e rotinas distintas quando se trata de acesso à cidade.

Porém, muitas vezes, a cidade é construída para o usuário masculino, negligenciando algumas necessidades, interesses e rotinas dos demais cidadãos.

O manual do Banco Mundial apresenta seis áreas problemáticas no ambiente urbano construído que, combinadas à desigualdade de gênero, causam restrições, incômodos e, até mesmo, colocam em risco mulheres, meninas e minorias sexuais e de gênero de todas as idades.

Essas áreas são acesso livre a serviços e espaços públicos, sem constrangimentos e barreiras; mobilidade pela cidade com segurança, facilidade e custo acessível; segurança e proteção contra violência nos espaços públicos e privados; estilo de vida ativo e livre de riscos à saúde nos ambientes construídos; resiliência, que torne possível lidar com os efeitos imediatos e de longo prazo dos desastres naturais ou provocados pelo homem; e segurança no acesso a locais para se viver e trabalhar.

A publicação do Banco Mundial busca preencher a clara lacuna existente entre a intenção e a ação, mostrando porquê e como incorporar a igualdade sexual e de gênero no planejamento e no desenho urbano, por meio de projetos participativos e inclusivos, que explorem as experiências e os usos da cidade a partir da perspectiva de todos os cidadãos.

O manual fornece, ainda, diretrizes claras e específicas de projetos, adaptáveis a várias áreas do planejamento, incluindo habitação, transporte público e infraestrutura de mobilidade, além de outros serviços urbanos básicos.

Estudos de caso bem-sucedidos em todo o mundo mostram como simples medidas de projeto podem aumentar drasticamente o bem-estar de grupos desfavorecidos, com inclusão de minorias sexuais e de gênero.

É preciso aumentar a visibilidade e a participação desses grupos para promover seu acesso à esfera pública. É importante, da mesma forma, garantir sua plena participação —uma vez que, muitas vezes, são sub-representados—, planejando e mantendo o foco nas questões de gênero.

Entretanto, e acima de tudo, é necessário compreender a inclusão de gênero e minorias sexuais nas cidades não como um problema, mas como oportunidade de tornar a sociedade mais equânime.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.