Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Adaptando as cidades para conviver com as ondas de calor

Soluções de mitigação incluem a pavimentação das ruas com cores e materiais reflexivos e plantação de árvores

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No mês de setembro de 2020, a temperatura global média registrada foi 0,63°C acima da média de temperaturas para os meses de setembro entre os anos de 1981 e 2020.

O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) informa que a temperatura global excedeu 1°C acima dos níveis pré-industriais e, se continuar crescendo às taxas atuais, atingirá 1,5°C entre 2030 e 2050, o limite proposto no acordo de Paris.

Segundo a organização não governamental Global Cool Cities Alliance, as ondas de calor matam mais pessoas do que qualquer outro risco climático. Eventos de calor extremo nas cidades podem elevar significativamente os picos de mortalidade, bem como diminuir a produtividade da força de trabalho e causar danos à infraestrutura, como estradas e ferrovias. Hoje, as ondas de calor afetam aproximadamente 200 milhões de pessoas em mais de 350 cidades do mundo.

Entretanto, as ondas de calor são perigos previsíveis. Seus impactos na saúde dos cidadãos e na infraestrutura das cidades podem ser reduzidos, graças a tecnologias e estratégias específicas. Cientistas e pesquisadores em todo o mundo sugerem medidas para que as cidades se adaptem ao calor extremo, protegendo, assim, seus cidadãos e suas economias.

São necessárias informações sobre quais áreas da cidade e quais grupos da população estão em maior risco. A vulnerabilidade dos indivíduos ao calor depende de sua exposição e sensibilidade ao calor extremo, e de sua capacidade de adaptação.

Os grupos de maior risco são idosos, crianças pequenas, moradores em situação de rua e pessoas com problemas médicos subjacentes, pois são mais sensíveis ao calor extremo. Isso inclui grávidas e mulheres com bebês, pois a amamentação é extremamente desidratante. Entretanto, pessoas de baixa renda, que eventualmente têm menos acesso a água, espaços verdes, informação e ar-condicionado, bem como trabalhadores ao ar livre sujeitos a alta exposição ao calor e, quase sempre, em empregos com alta exigência de esforço físico, também estão no grupo de risco.

Para maximizar a eficácia do gerenciamento de emergências e direcionar as ações de mitigação dos efeitos do calor para as pessoas mais vulneráveis, as cidades podem desenvolver mapas espaciais de risco de calor. Um mapa de risco de calor –ou Índice de Vulnerabilidade ao Calor– combina dados sobre a variabilidade de temperatura dentro da cidade com dados socioeconômicos. Algumas cidades, incluindo Nova York e Toronto, têm índices de vulnerabilidade ao calor disponíveis on-line. O mapeamento do risco de calor requer gerenciamento de dados e recursos de análise.

É importante desenvolver um plano abrangente, de longo prazo, para reduzir os efeitos das ondas de calor. As estratégias para reduzir os impactos das ilhas de calor urbanas devem fazer parte do planejamento de ação climática mais amplo da cidade, e incorporadas à legislação setorial relevante, especialmente para edifícios novos e existentes, transporte e planejamento urbano.

As principais soluções de mitigação do calor incluem a execução de telhados e a pavimentação das ruas, com cores e materiais reflexivos, e a plantação de árvores para resfriar a cidade e sombrear o solo e as estruturas ao seu redor.

Podem ser utilizados métodos alternativos de sombreamento e resfriamento, que incluem coberturas artificiais e o uso de água, como nos "parques de pulverização". Tel Aviv, por exemplo, define padrões sobre a quantidade e a qualidade da sombra, usando vegetação, tecido ou estruturas. A Cidade do Cabo implementou seis parques de pulverização de água em bairros vulneráveis ao calor e menos privilegiados.

A alternativa é a implantação de parques aquáticos, áreas de recreação com água potável dentro de parques públicos, principalmente para crianças. Eles usam muito menos água do que piscinas e são muito mais econômicos para construir.

O importante, contudo, é incorporar nas cidades a ideia de planejamento urbano sensível ao calor. O projeto urbano pode desempenhar um papel extremamente relevante no resfriamento das cidades. Por exemplo, por meio da implantação de parques lineares e corredores verdes estrategicamente posicionados, que ajudam a melhorar a ventilação e esfriam as cidades, funcionando como canais para a liberação do calor retido.

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