As cidades são formadas por dois sistemas principais. De um lado, temos a infraestrutura construída pelo homem e tudo mais que está relacionado com a natureza, e de outro lado, há as pessoas e todos os valores intangíveis que as rodeiam. Embora as pessoas sejam a essência das áreas urbanas, a integração desses dois sistemas encontra-se no núcleo do funcionamento e da operação das cidades.

Integrar, portanto, é ação de vital importância no processo de desenvolvimento urbano e planejamento de operação da cidade. O planejamento de uma cidade é complexo e multidisciplinar e, para ser eficiente, também precisa estar integrado com sua operação.

As cidades, por sua natureza, têm muitos de seus modelos de operação interligados e é importante compreender perfeitamente como relacionar, por exemplo, mobilidade com transformação urbana, ou uso do solo com desenvolvimento econômico e social. Essa compreensão nos possibilitará criar bairros urbanos atraentes, mais eficientes e com melhor habitabilidade.

Desde instalações voltadas para saúde, centros de educação, distritos de entretenimento construídos próximos a centros regionais, as cidades integradoras podem revolucionar a forma como vemos os municípios. As pessoas que moram nessas cidades, geralmente, são mais felizes devido às facilidades de locomoção, principalmente as que estão relacionadas com a distância para se caminhar até o trabalho, os centros de educação ou os locais de entretenimento. E se os níveis de felicidade aumentam, o mesmo ocorre com os níveis de produtividade.

A integração deve estar presente da mesma forma nos profissionais responsáveis pela formulação dos planos urbanísticos. Claramente não se pode contar exclusivamente com arquitetos, urbanistas e engenheiros, por mais importantes que sejam. Eles precisarão ser acompanhados por pessoas com conhecimento e experiência em economia urbana, sociologia, meio ambiente e mesmo profissionais da área da saúde, entre outros.

Numa cidade integradora, aos planos de desenvolvimento urbano devem estar incorporados os planos habitacionais, de mobilidade, de segurança sanitária, ambientais, de desenvolvimento econômico e social, e os modelos de inovação e tecnologia para que produzam a desejada somatória de efeitos positivos.

Políticas, programas e intervenções vinculadas a diferentes secretarias de governo devem ser integrados, a fim de colaborar na busca de uma concentração de esforços direcionados aos modelos de desenvolvimento planejado e isso pode ser feito por meio de uma unidade de gestão responsável por essa integração.

A estratégia de desenvolvimento regional é outra etapa importante no planejamento de uma cidade, e deveria estar integrada a políticas de produção de unidades de interesse social, a modelos de eficiência ambiental, a sistemas de adensamento responsável, a programas de mobilidade e a planos de uso do solo, por exemplo.

O desenvolvimento de uma visão holística para a cidade, como uma referência central para todo o planejamento subsequente, pode ser um produto colateral valioso para o desenvolvimento de uma cidade integradora.

Entretanto, essa desejável integração pode ser dificultada por sistemas de governança, muitas vezes burocratizados e com excessiva departamentalização, características que produzem severas limitações às conexões regionais, dificultando a integração da operação no território urbano como um todo.

Contudo, em que pesem eventuais dificuldades de implantação, o conceito de cidade integradora, como base de estruturação do planejamento da cidade, em muito nos ajudará a resolver problemas econômicos e ambientais, além de produzir uma cidade mais homogênea e funcional.