Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Descrição de chapéu jornalismo

Há cem anos, nascia a Folha na ambiência da São Paulo de 1921

Nos anos 1920, cidade ganhava arranha-céus e primeiras linhas de ônibus

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Em 1921, numa década em que a cidade passou por diversas e marcantes modificações urbanas, nascia o jornal Folha de S.Paulo que, desde então, vem acompanhando de perto o crescimento desta metrópole, discutindo seus problemas e suas soluções, e assim contribuindo de forma importante para o seu desenvolvimento.

Naquela época, vários bairros de São Paulo receberam uma ornamentação paisagística europeia. A cidade vivia sob a atmosfera dos projetos criados pelo urbanista francês Joseph-Antoine Bouvard, elaborados para o Vale do Anhangabaú e para a Várzea do Carmo, que viria a se tornar o Parque D. Pedro 2º. Completavam a arquitetura urbana importantes estruturas metálicas, como a Estação da Luz, os viadutos Santa Efigênia e do Chá, ligando o centro velho à impressionante obra do Theatro Municipal, projetado por Ramos de Azevedo e inaugurado em 1911. Joseph-Antoine Bouvard, com investidores ingleses, criou a empresa de urbanização City of São Paulo Improvements and Freehold Company Ltd, que, nesse período, integrou ao tecido urbano da cidade importantes loteamentos residenciais, como Butantã, Pacaembu e Alto da Lapa.

A cidade, que em 1920 tinha 597 mil habitantes, preparava-se para o surto industrial que viria na década seguinte, com crescimento médio de 14% ao ano. Nessa década, foi publicado o Código de Obras da Capital, estimulando a verticalização no centro velho. Implementa-se também a legislação de Uso e Ocupação dos bairros exclusivamente residenciais da classe média-alta e, assim, ia sendo configurado o desenho do tecido urbano da cidade.

O primeiro arranha-céu da cidade, o Edifício Sampaio Moreira, projetado pelo engenheiro Samuel das Neves e pelo arquiteto Christiano Stockler, pai e filho, respectivamente, desponta na paisagem urbana como o prédio mais alto da cidade, rompendo a vista horizontal de São Paulo entre os anos de 1924 e 1929. Com 12 andares e 50 metros de altura –pequeno para os dias de hoje– o seu tamanho era bastante significativo na década de 1920. Em 1929, foi concluído o Martinelli, com 30 andares e 130 metros de altura, projetado pelo húngaro William Fillinger. Este sim, o prédio mais alto da cidade, que se destacava numa paisagem dominada por casas e edifícios de até quatro andares.

O Edifício Martinelli inaugura uma nova forma de apropriação do espaço urbano na cidade, contribuindo para a aceitação dos arranha-céus pelos técnicos e pela população. Estimula, também, a difusão do cálculo de concreto armado e a produção de cimento nacional em larga escala. A primeira indústria de cimento portland foi a Perus, que começou a produzir em 1926.

Relatório da Light “The São Paulo Tramway, Light and Power Company”, publicado em 1920, informava que 50 mil pessoas, cerca de 8% da população, consumiam e dependiam diretamente da energia elétrica gerada pela empresa. A Light era responsável também por atender a uma demanda cada vez maior de passageiros de bondes. No primeiro ano da nova década, a empresa operou 92 milhões de viagens, número que reflete tanto o tamanho de São Paulo, na época, como a demanda pelo serviço de transporte. Em 1924, na cidade que contava com 600 mil habitantes, os primeiros ônibus começaram a circular, e a extensão de trilhos de bonde era de aproximadamente 230 quilômetros.

Nessa ambiência da São Paulo de 1921, no dia 19 de fevereiro, um grupo de jornalistas liderado por Olival Costa e Pedro Cunha fundou o jornal “Folha da Noite”, cuja redação ficava numa sala emprestada na Praça Antônio Prado, no então Largo do Rosário, no centro de São Paulo. Nesse local, começava a ser construído um dos mais significativos pilares da difusão de informação e da defesa da democracia brasileira.

O veículo de comunicação passou pelas mãos de outros dirigentes, consolidou-se como Folha de S.Paulo, nos anos 1960, ocupou um edifício icônico na Avenida Barão de Limeira, onde funciona até hoje, e chegou à direção, em 1962, dos empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho. Parabéns, Folha, pelas muitas histórias contadas nesses cem anos!

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