A mobilidade é um facilitador importantíssimo da vida econômica e social nas áreas urbanas. A livre e eficiente circulação de pessoas e mercadorias é essencial para o bom funcionamento de uma cidade. Entretanto, para que seja possível identificar pontos positivos e negativos do sistema de mobilidade, com o objetivo de aperfeiçoá-lo dentro de um contexto de eficiência e sustentabilidade, indicadores tornam-se imprescindíveis nesse processo.
A Comissão Europeia desenvolveu um conjunto abrangente de indicadores práticos e confiáveis, que ajudam as cidades a realizar uma avaliação padronizada do seu sistema de mobilidade e a medir as melhorias resultantes de novas práticas ou políticas de mobilidade.
O grupo de principais indicadores envolve métricas para medir acessibilidade ao transporte pelos mais pobres e por aqueles com dificuldade de locomoção; poluição sonora e do ar; emissão de gases de efeito estufa; mortes no trânsito; eficiência de energia; integração multimodal; acesso e segurança da mobilidade ativa; satisfação do público com o transporte; congestionamentos e atrasos nos tempos de viagem. Como indicadores secundários estão qualidade dos espaços públicos; diversidade da funcionalidade urbana; tempos de viagem; uso de espaço público com mobilidade; e segurança.
Um conjunto de indicadores padronizado, com um sistema bem-estruturado metodologicamente, pode permitir às autoridades compreender melhor o atual status da cidade em relação à mobilidade urbana sustentável. Pode servir como uma ferramenta importante para cidades identificarem áreas de deficiência, onde ações adicionais podem ser necessárias para acompanhar o progresso em relação à política e aos objetivos definidos, e para avaliar a eficácia e o impacto geral das políticas de mobilidade urbana.
Esse monitoramento pode também possibilitar a comparação das cidades com conjuntos de dados nacionais e internacionais, facilitando a replicabilidade das melhores práticas em cidades com características semelhantes. O benchmarking propiciado por essa avaliação padronizada pode, portanto, ser usado para definir a agenda de implementação de políticas e ações necessárias.
Não menos importante, a estruturação do sistema de indicadores pode ajudar as cidades a avançarem nos objetivos climáticos e na agenda de sustentabilidade, garantindo ao mesmo tempo que os escassos recursos sejam canalizados de forma sistematizada para projetos e políticas sustentáveis.
A coleta de dados para construção dos indicadores mostrou-se, todavia, desafiadora na aplicação do modelo na ausência de apoio político e institucional por parte das autoridades.
Mostrou-se também necessário o compartilhamento de dados com empresas privadas e, neste caso, a obrigação do fornecimento de informações precisa ser acompanhada por regras sobre privacidade, propriedade, governança e proteção dos dados. Além disso, uma narrativa clara sobre o uso pretendido e o resultado esperado com o uso das informações partilhadas com as autoridades públicas serão fundamentais para construir a necessária confiança e facilitar o intercâmbio de dados.
Importante ressaltar que o conjunto de indicadores deve ser adaptável à mobilidade urbana em rápida evolução tecnológica, bem como à mudança de hábitos de deslocamento.
Embora para implantação desse modelo de forma ampla sejam necessárias estrutura e definições comuns, o grupo de indicadores deverá levar em consideração características e especificidades locais, garantindo suficiente flexibilidade para que cidades em todos os países possam compreender e fazer uso, de forma eficiente, dessa avaliação padronizada do sistema de mobilidade.
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