Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Como administrar de maneira inteligente o lixo urbano

Internet das coisas pode ser aliada no processo, otimizando coleta e monitorando lotação de recipientes

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De acordo com o Banco Mundial, as cidades geram mais de 2 bilhões de toneladas de lixo urbano todos os anos. As estimativas são que, em 2050, haverá um incremento de 70% nesse volume, atingindo a cifra de 3,4 bilhões de toneladas anuais. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), somente no Brasil, 80 mil toneladas de resíduos sólidos são descartadas de forma inadequada todos os dias.

As estratégias para lidar com o lixo urbano envolvem, além de custos, riscos para a saúde pública e para o meio ambiente. Estruturá-las de forma inteligente é a maneira mais direta para resolver os problemas graves enfrentados na gestão de resíduos sólidos e, sem dúvida, um passo necessário na direção da construção de cidades mais eficientes e sustentáveis.

A administração do lixo abrange atividades como coleta, transporte, descarte e reciclagem, que muitas vezes são desempenhadas com ineficiência, resultando em aumento dos custos operacionais associados. Relatório produzido pela SmartCitiesWorld sobre o lixo urbano aborda uma série de exemplos dessas atividades que podem ser aperfeiçoadas com o uso da tecnologia.

Pesquisas revelam que 15% das lixeiras geralmente estão cheias demais, com sacos de lixo acumulados fora dos recipientes. Isso se tornou um dos sinais externos mais claros de gestão ineficiente de resíduos em cidades ao redor do mundo, além de criar problemas sanitários ambientais. Para evitar tal situação, as cidades aumentam a frequência da coleta, mas isso pode significar que as lixeiras sejam esvaziadas sem que estejam cheias o suficiente, aumentando não só os custos de coleta, mas a poluição, as emissões de carbono, os ruídos urbanos e o tráfego.

Da mesma forma, soluções envolvendo reciclagem, não raro, tornam-se ineficientes, em razão de existirem dificuldades para obter informações precisas sobre os hábitos dos cidadãos, e pela falta de mecanismos apropriados para a separação do lixo.

Esses e outros pontos problemáticos podem ser tratados diretamente por meio de soluções inteligentes, com tecnologias que envolvam sensores de Internet das Coisas (IoT) conectados à sistemas wireless, identificação por radiofrequência, georreferenciamento e softwares que otimizem processos. Os dados coletados dessa forma, colocados em um contexto espaço-temporal e processados por algoritmos adequados, podem ser usados para gerenciar estratégias de coleta de lixo de forma dinâmica e eficiente.

Ao equipar as lixeiras com sensores inteligentes, é possível otimizar a rota de coleta em função da capacidade restante de cada recipiente, além de rastrear com precisão a entrada do tipo de lixo, e efetuar a correta separação para facilitar a reciclagem.

Esses sistemas também permitem aos cidadãos monitorar, por aplicativos, as rotas dinâmicas de coleta, e programar o descarte de seu lixo de tal forma que o tempo de armazenagem seja o mínimo possível.

Na medida que a implantação e o uso de sensores se tornam massivos, os dados coletados, juntamente com seu processamento e armazenamento, podem ser diretamente vinculados e integrados ao sistema municipal de Big Data, aumentando, dessa forma, o potencial de um amplo espectro de soluções inovadoras no âmbito de uma cidade inteligente.

Para as cidades que ainda não avançaram nesse processo, seria interessante a criação de protótipos para experimentar o gerenciamento de resíduos num laboratório urbano em escala real, para avaliação, demonstração e validação da eficiência desse sistema, que pode mudar, de maneira expressiva, a forma como as pessoas e as cidades lidam com o lixo.

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