Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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ONU recomenda integração entre cidades para mitigar efeitos de potenciais pandemias

Tomadores de decisão precisam se preparar para futuras crises sanitárias em meio à crescente urbanização do planeta

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No último dia 30 de março, a ONU-Habitat lançou um relatório sobre cidades e pandemia. O primeiro capítulo do documento é dedicado à análise de como forma e função das cidades relacionam-se com pandemias. O relatório explora a necessidade de reavaliação dos modelos de planejamento territorial, considerando quatro escalas diferentes – regiões, cidades, bairros e edifícios – e enfatizando a necessidade de integrá-las efetivamente por meio de uma abordagem abrangente e sensível aos contextos locais. Ações estruturadas dessa forma poderão gerar benefícios múltiplos e transversais, não apenas ajudando na recuperação das cidades, mas também criando comunidades mais saudáveis e sustentáveis.

Regionalmente, as recomendações passam pela estruturação da coordenação de ações entre as cidades de uma mesma região, por meio de plataformas de compartilhamento de decisões. Além disso, a ênfase deve ser dada à conectividade entre cidades e na imposição de diretrizes rígidas de planejamento, que priorizem qualidade do ar e saúde pública. Outra ação considerada essencial nessa escala territorial, é o fortalecimento dos meios de produção vinculados a alimentos, medicamentos e cadeias de abastecimento, para, dessa forma, garantir a resiliência regional.

No âmbito das cidades, o importante é promover o acesso equitativo aos serviços urbanos e amenidades, por meio de modelos de desenvolvimento compactos, calcados no adensamento e no uso misto, que possam encorajar estilos de vida saudáveis e coesão da comunidade. O comprometimento com um futuro urbano mais sustentável passa por investimentos em transporte público e em layouts urbanos compactos e acessíveis, que estimulem comportamentos como ciclismo e caminhadas. É essencial que seja melhorada a resiliência das cidades aos futuros eventos pandêmicos, investindo em modelos que possam auxiliar na solução das fragilidades urbanas, traduzidas em vulnerabilidades complexas e multidimensionais, muitas vezes enraizadas na pobreza, desigualdade e exclusão social.

No planejamento das cidades, cada vez mais deve-se enfatizar os bairros, com foco na promoção de autossuficiência e estruturação de comunidades inclusivas e na existência de serviços públicos bem distribuídos e de amenidades, que possam permitir aos residentes terem suas necessidades atendidas localmente. É necessário também reconhecer que muitos espaços públicos podem ter várias funções, e garantir que esta diversidade de usos seja respeitada. Devem ser utilizadas ferramentas e modelos para apoiar o desenvolvimento de estratégias locais que, de forma equilibrada, garantam também a participação dos cidadãos.

Quanto aos edifícios, aponta o documento que habitação adequada é um aspecto central em qualquer estratégia de saúde pública. Portanto, devem ser estabelecidas diretrizes claras sobre dimensões das unidades, iluminação, conforto térmico e ventilação aplicáveis em todos os contextos. Devem ser identificadas e resolvidas as vulnerabilidades sanitárias em prédios de escritórios, fábricas, hospitais e outros edifícios que possam ser considerados importantes em momentos de pandemia.

Priorizar as necessidades dos residentes urbanos de acesso a espaços verdes e áreas ao ar livre durante a pandemia, especialmente enquanto os bloqueios e as restrições de convívio social estiverem em vigor, é outra recomendação considerada relevante.

O relatório deixa bastante claro que flexibilidade é um recurso importante para lidar com futuras crises de saúde pública. As cidades devem aprender com suas experiências durante a atual pandemia, e desenvolver estratégias adaptáveis no caso de novos eventos. Isso inclui a identificação de edifícios multipropósitos, que possam ser transformados e utilizados nos planos de resiliência sanitária, para garantir o acesso equitativo, em situações de emergência, especialmente para a população mais vulnerável.

Agora, o mundo atravessa um momento crítico. Tomadores de decisão em todas as partes não devem apenas examinar o quanto os ambientes urbanos têm contribuído para a transmissão da Covid-19, mas também considerar a melhor forma de se preparar para futuras crises sanitárias, enquanto acomodam a população envolvida em um rápido e crescente processo de urbanização.

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