O termo ESG (Enviromental, Social and Governance) é uma sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança, que representa as três dimensões norteadoras da implementação, do controle e do monitoramento de práticas sustentáveis.
Do ponto de vista urbano, o desafio está na incorporação de forma simultânea e estruturada das questões ambientais, sociais e de governança, no planejamento e na operação das cidades, utilizando os princípios ESG, inicialmente destinados ao investimento socialmente responsável nas empresas.
Embora o ESG estivesse focado inicialmente nos interesses corporativos, ele deve expandir para entidades governamentais. As cidades estão claramente no epicentro dos princípios e das funções essenciais incorporados ao ESG.
As áreas urbanas são responsáveis pela emissão de 70% dos gases de efeito estufa e são, portanto, proeminentes atores na questão ambiental. Devem, portanto, esforçar-se para preservar importantes recursos hídricos e áreas verdes, além de adotar melhores práticas de gestão relacionadas à drenagem urbana, à coleta e ao tratamento de águas residuais, e à redução dos níveis de poluição. Não menos importante, a adoção de medidas voltadas à economia de energia e às práticas de construções sustentáveis e resilientes.
As cidades também são componentes essenciais do nosso tecido social. Usam várias ferramentas políticas e instrumentos urbanísticos para estruturar seu funcionamento, de tal forma a promover o bem-estar social, a saúde e a equidade. Programas habitacionais desenvolvidos de forma adequada podem melhorar a vida das pessoas e proporcionar importantes benefícios sociais.
A governança é uma das funções mais importantes em qualquer município. Este aspecto do ESG abrange mais do que questões puramente legislativas. Mais especificamente, o foco está nas estruturas que sustentam as práticas de tomada de decisão, delegação de autoridade e gestão financeira da cidade.
As diretivas políticas dos administradores eleitos podem, em algum momento, entrar em conflito com os fatores limitantes sobre os quais a equipe administrativa opera. O desejo de fazer o melhor para a cidade e seus habitantes, às vezes, pode ser restringido por realidades financeiras. Dessa forma, alcançar os objetivos das políticas de desenvolvimento de acordo com os princípios ESG e analisar rigorosamente os projetos de investimento não são ações mutuamente exclusivas.
A governança pode e deve apoiar políticas associadas a resultados do ponto de vista ambiental e de sustentabilidade. A implementação adequada de projetos estruturados sobre os princípios ESG será mais eficiente para construir resiliência ao longo do tempo do que qualquer projeto isolado.
Com o aumento do interesse pelos impactos oriundos das mudanças climáticas, os municípios devem se preparar para a transição sustentável e resiliente na direção de uma economia de baixo carbono. Ao adotar princípios ESG, as cidades podem criar oportunidades e investimentos para lidar com a sustentabilidade, melhorar a qualidade de vida e buscar um crescimento inteligente. Além disso, tornam possível alavancar títulos lastreados em ações ambientais para financiar projetos e causas sociais.
Em janeiro de 2021, a cidade de Toronto (Canadá) divulgou seu primeiro Relatório ESG. Este relatório anual descreve como a cidade está focada em oportunidades e riscos relacionados ao ESG em prioridades estratégicas, finanças sustentáveis e resultados socioeconômicos.
O relatório demonstra que a cidade está aprimorando as ações e os serviços que protegem o meio ambiente, consideram a equidade social e priorizam uma governança sólida. Com o apoio contínuo de parceiros e investidores, a cidade abraça a inovação e lidera a transformação para garantir uma cidade próspera, inclusiva e habitável, com alta qualidade de vida para os residentes agora e no futuro.
Exemplos como esse mostram que está mais do que na hora de trabalharmos para que as principais cidades brasileiras se tornem líderes globais na aplicação dos princípios ESG.
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