Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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A comparação entre cidades como ferramenta de gestão

Nenhuma cidade fica ao mesmo tempo entre as 20% melhores em rankings de qualidade de vida, prosperidade e inclusão social

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Existem pelo menos três importantes rankings internacionais usados para avaliar o desenvolvimento de cidades, que medem qualidade de vida, desempenho econômico, ou prosperidade, e inclusão social.

Entretanto, nenhuma das cidades está entre as 20% melhores de todos os três índices ao mesmo tempo. Isso levanta dúvidas sobre qual tipo de classificação seria mais adequada para ser qualificada como uma ferramenta de comparação e avaliação de desempenho e gestão.

Com a visão de que uma classificação, para atingir esse objetivo, deve fornecer uma visão abrangente do desenvolvimento da cidade, o BCG (Boston Consulting Group) Henderson Institute publicou recentemente um ranking global, na tentativa de criar uma comparação universal que possa servir como ferramenta de administração das cidades.

A pesquisa global com residentes foi realizada na primavera de 2020, por meio de um questionário online, dirigido a 80 cidades em todo o mundo, das quais foram recebidas 25 mil respostas. A estrutura de amostragem em cada cidade combinou a população por gênero, idade e renda. O questionário continha 120 perguntas, algumas das quais abordando percepções subjetivas das pessoas, e outras direcionando para fatos objetivos sobre a vida dos entrevistados e seus comportamentos, como frequência de atividade física, por exemplo.

Tendo o bem-estar e a felicidade das pessoas como ponto central, foi desenvolvido um índice (advocacy index), a partir de uma métrica sociológica, que mede a satisfação de uma pessoa com a cidade e sua vontade de associar a ela sua vida e de sua família no futuro. Isso está diretamente ligado à sua disposição para influir na formulação e implementação de políticas públicas que atendam às necessidades da população.

As pesquisas mostraram que esse índice, embora seja um indicador centrado em pessoas, tem correlação direta com o desempenho das cidades em aspectos como nível de atividade empresarial, taxa de natalidade, fluxo de imigrantes com ensino superior, confiança nas autoridades locais e intenção das pessoas em permanecer na cidade.

O relatório do BCG destaca a tendência no desenvolvimento urbano de uma mudança da abordagem direta dos problemas de infraestrutura e serviços, para a abordagem das necessidades das pessoas. Essa avaliação decorre do fato de a satisfação dos moradores contribuir cada vez mais para o desenvolvimento sustentável de uma cidade e, portanto, tornar-se benéfica para sua administração.

A classificação das cidades foi estruturada a partir de cinco dimensões principais: qualidade de vida, velocidade das mudanças, capital social, interação com autoridades públicas, e oportunidades econômicas. Cada uma delas foi associada a alguns dos 27 subcomponentes escolhidos, entre eles habitação, mobilidade, espaços públicos, conexões sociais, inclusão, segurança, cuidados médicos e capital social. Esses subcomponentes foram ponderados para refletir adequadamente a sua importância na vida das pessoas e no desenvolvimento da cidade.

Os resultados da pesquisa, baseados na pontuação obtida em cada uma das cinco dimensões propostas, mostram em quais cidades do mundo e em qual proporção as pessoas se sentem bem em viver.

As cinco primeiras cidades do ranking são, nesta ordem, Londres, Nova York, Helsinque, Copenhagen e Abu Dhabi. Na América do Sul, as melhores colocadas são Buenos Aires, na 40ª posição, São Paulo, na 43ª, e Rio de Janeiro, na 44ª posição.

A comparação da pontuação de cada uma das dimensões em cada cidade, avaliando-se os subcomponentes de cada dimensão, pode ajudar os administradores a entenderem onde e de que forma é possível melhorar o desempenho da sua cidade.

Dessa forma, essa classificação tende a ser dinâmica, provocando alterações em edições futuras do ranking, à medida que as cidades identifiquem suas vulnerabilidades e invistam em mudanças rápidas e que possam influir positivamente no desempenho da cidade, principalmente no que diz respeito às pessoas e à satisfação com a vida.

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