Hoje, existem no mundo pouco mais de 100 cidades com população superior a 4 milhões de pessoas. Em 2050, teremos aproximadamente 50 cidades com mais de 10 milhões de habitantes. O modelo da metrópole tradicional, com um núcleo central rodeado por anéis de densidade decrescente, parece não funcionar adequadamente para escalas populacionais de maior dimensão, ao mesmo tempo que não se configura um modelo sustentável a longo prazo. Tudo parece indicar que, para as grandes cidades, o modelo de desenvolvimento multinuclear, ou policêntrico, será o mais eficiente.
Neste modelo, a coexistência de várias centralidades pode funcionar como se fosse um sistema de "cidades dentro da cidade". Distritos com relativa independência, conectados por uma rede de transportes bem planejada, com ampla oferta de espaços e infraestrutura pública, e empreendimentos de uso misto para trabalho, habitação e lazer surgem como a melhor oportunidade de criar um futuro sustentável para os milhões de habitantes que ocuparão as cidades nas próximas décadas.
A ideia principal que fundamenta esse conceito está na distribuição espacial equânime de ofertas de trabalho e moradia, de tal forma que essa combinação possa alcançar os melhores resultados econômicos, sociais e ambientais para a cidade. De maneira geral, a estrutura e a eficiência do espaço urbano podem ser entendidas como consequência das interações entre uso do solo e transporte.
Os resultados imediatos de um sistema metropolitano mais equilibrado incluem ampliação das oportunidades de acesso ao trabalho próximo à residência, diminuição do tempo de deslocamento, aumento da eficiência energética no sistema de transportes, e crescimento da produtividade, o que gera mais riquezas e consequentemente melhora o poder aquisitivo da população.
Por outro lado, cada uma dessas centralidades deve ter a atratividade necessária e suficiente para se desenvolver e se consolidar como um núcleo efetivo dentro da cidade, gerando e mantendo empregos. Para tanto, é necessária a reestruturação da indústria e a diversificação dos negócios locais, o fomento à inovação associado, principalmente, à tecnologia, melhoria das conexões com o restante da cidade, tanto espaciais quanto lógicas, investimento em infraestrutura física e social, e adensamento residencial estruturado em empreendimentos de uso misto. As estruturas da centralidade urbana podem e devem ancorar os níveis de qualidade exigidos para as cidades.
Outra questão primordial é a compreensão dos impactos homogêneos exercidos pelas estruturas de uma centralidade espacial na melhoria do desenho urbano e da eficácia do relacionamento social. Sob esse aspecto, é necessário considerar o espaço físico contextual, os padrões de uso do solo e seus níveis de interação com as pessoas. Projetar centralidades mais eficientes, sob o ponto de vista comunitário, requer conhecimento avançado da interdependência entre o desempenho social em espaços públicos e a interação espaço funcional dentro dos contextos sociais em que estão inseridos.
Medidas de acessibilidade também são empregadas na avaliação das implicações sociais das atividades urbanas, que envolvem encontros, bem-estar, equidade, segurança, segregação social e inclusão. A acessibilidade a diferentes oportunidades urbanas afeta o local onde as pessoas preferem morar, trabalhar, receber educação, se divertir e relaxar. Dessa forma, os graus de acessibilidade das centralidades aos diversos níveis de oportunidades urbanas têm extrema relevância nos processos de tomada de decisão socioeconômica.
Muitas cidades estão em pleno e acelerado processo de desenvolvimento, e isso deve ocorrer com a ajuda de modelos que permitam que a evolução urbana ocorra de forma equilibrada e eficiente. Pensar na estruturação de centralidades pode ser uma alternativa importante, e muito valiosa, para atingir esse objetivo.
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