Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Mobilidade urbana aérea e a redução de congestionamentos

Pesquisa mostra que veículos elétricos que voam dentro das cidades proporcionam economia de tempo insignificante

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Deslocamentos aéreos pelo espaço urbano não são exatamente uma novidade, mas avanços tecnológicos, principalmente relacionados à utilização de drones para transporte de mercadorias e pessoas, podem iniciar uma revolução na mobilidade urbana. Mas será que esse novo modelo de MUA (Mobilidade Urbana Aérea), com veículos elétricos de decolagem e aterrissagem vertical, pode reduzir os congestionamentos no solo?

Como a MUA ainda não existe, não há dados e informações sobre seu funcionamento. Portanto, abordagens alternativas para estudar esse fenômeno, análise de modos comparáveis (como helicópteros), avaliações teóricas e simulações devem ser utilizadas.

Com o intuito de avaliar a demanda provável por MUA e simular o impacto no sistema de transporte terrestre existente, pesquisadores do departamento de engenharia civil e geoambiental da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, desenvolveram um modelo para estudar o acesso e a saída dos chamados "vertiportos" para mobilidade urbana aérea, com decolagem e aterrissagem vertical.

No contexto da MUA, a viagem de acesso é o segmento entre a origem e o primeiro "vertiporto", enquanto a viagem de saída é o segmento entre o "vertiporto" final e o destino. Os exigentes requisitos de infraestrutura sugerem que os "vertiportos" seriam instalados de maneira bastante esparsa pela cidade. Portanto, o acesso e a saída podem ser parte substancial do tempo de viagem da MUA. ​

Um cenário de teste foi desenvolvido para o ano de 2030 na região de Munique, com uma rede MUA de média densidade, com 74 "vertiportos". Esta rede inclui áreas densamente povoadas, centros de emprego e centros de transporte. Presume-se que, até 2030, as desvantagens atuais dos veículos autônomos (VA) serão resolvidas e eles serão integrados ao transporte terrestre.

Nesse cenário de teste, a frota de MUA foi restrita a 50 veículos por estação e o tempo de embarque foi fixado em 10 minutos. Seguindo os resultados do cenário proposto, verificou-se que o maior número de decolagens e pousos em um "vertiporto" é de 11,3 mil e 11,5 mil, respectivamente, o que corresponde a oito decolagens e oito pousos por minuto, se o serviço operar 24 horas por dia.

Para determinar os impactos da MUA no tráfego rodoviário, e verificar sua influência nos congestionamentos, o total de quilômetros percorridos por veículos na região foi estimado para os cenários existente e de teste da mobilidade urbana aérea. Os resultados indicam que, para o cenário existente, o total de quilômetros percorridos na superfície seria de 49,39 milhões, enquanto no cenário teste (com a mobilidade aérea em operação), seria de 49,53 milhões de quilômetros —elevação de 0,27%.

O aumento de quilômetros percorridos para o cenário teste não é intuitivo à primeira vista. Afinal, esperava-se que a MUA reduzisse as viagens de automóvel. No entanto, as viagens de acesso e saída dos "vertiportos" seriam feitas de automóvel com mais frequência do que por transporte público ou modos não motorizados.

Outro aspecto observado foi que, para atender à demanda de MUA, muitos veículos aéreos precisariam estar disponíveis nos "vertiportos". No entanto, não há espaço livre disponível nas cidades para alocar "vertiportos" grandes o suficiente para acomodar toda a demanda por mobilidade aérea.

As conclusões do estudo indicam que, para a maioria dos casos, o modelo MUA avaliado não fornece uma redução nos tempos de viagem quando são incluídos os tempos para acesso e saída, tempo de embarque e de potencial espera. Dada a capacidade muito limitada dos veículos de MUA e o tempo necessário para processar embarque, decolagem, subida e descida vertical, desembarque e recarga, a economia de tempo de viagem dentro de uma área urbana será insignificante.

Dessa forma, é provável que a MUA com veículos elétricos de decolagem e aterrissagem vertical seja utilizada como um meio de transporte para fins específicos, substituindo os voos atuais de helicóptero para emergências médicas e deslocamentos especiais, uma vez que geram menos ruídos e emissões de gases de efeito estufa do que os helicópteros tradicionais. Além disso, podem potencialmente tornar-se um modo alternativo para facilitar o acesso a regiões com infraestrutura de transporte terrestre limitada.

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