Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Pandemia, uma janela de oportunidades para mudanças

É preciso planejar as cidades para que promovam habitação, serviços, infraestrutura e saúde

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Praticamente dois anos de pandemia e parece que ela nunca mais vai embora! Talvez não vá mesmo e tenhamos de aprender a conviver com uma situação endêmica. Isso significa assimilar as experiências vividas, e efetuar as mudanças necessárias para que tudo funcione o mais próximo possível daquilo que chamamos de "normal".

Ao encararmos a pandemia como um importante ponto de inflexão no desenvolvimento urbano, é essencial aproveitarmos esta janela de oportunidades e voltarmos os olhares para o futuro, pautando nossas ações para mudanças inclusivas, progressistas e possíveis a partir de soluções multifacetadas.

Estratégias abrangentes no planejamento das cidades são necessárias para fornecer equilíbrio na oferta de habitação, serviços e infraestrutura, bem como possibilitar abordagens que tenham como objetivo promover benefícios à saúde, à resiliência climática e ao desenvolvimento inclusivo.

Algumas dessas estratégias estão alinhadas em estudo publicado pelo IIED (International Institute for Environment and Development), que explora as ações transformadoras para a recuperação das cidades pós-Covid-19.

De maneira mais geral, segundo o estudo, a pesquisa é fundamental para explorar tanto as questões de desenvolvimento urbano bem estabelecidas quanto as emergentes ligadas à Covid-19. Isso pode ajudar a enfrentar desafios de longo prazo e fornecer evidências dos custos por ignorar riscos múltiplos potenciais ou dos benefícios por enfrentá-los.

O papel da densidade urbana na influência dos efeitos da pandemia é um ponto a ser mais bem estudado.

A densidade populacional e os padrões de urbanização podem estar associados a níveis elevados de disseminação da doença, embora a densidade em si não seja um problema, mas sim as condições econômicas, sociais e estruturais das cidades que as tornam mais ou menos capazes de implementar respostas eficazes aos desafios enfrentados.

Na verdade, pesquisas são necessárias para o desenvolvimento de políticas que possam promover cidades compactas, conectadas e equitativas, com foco na melhoria do transporte ativo e da revitalização do transporte público como parte das estratégias de preparação das cidades para enfrentar novos surtos epidêmicos.

A busca pela inclusão envolve o desenvolvimento de medidas adaptativas de proteção social e apoio à renda e à melhoria dos serviços essenciais, como sistemas de saúde, coleta de lixo e educação. Todas as iniciativas devem ser cuidadosamente elaboradas para apoiar o enfrentamento das múltiplas desigualdades nas áreas urbanas.

É fundamental implementar intervenções holísticas para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas, principalmente daqueles que têm trabalho informal e os residentes em assentamentos informais, fortalecendo os meios de subsistência e melhoria de condição de vida.

Tornar os municípios resilientes é outro aspecto de extrema relevância. Uma estratégia de cidade resiliente deve compreender e explorar as conexões entre as múltiplas variáveis que podem causar problemas ao espaço urbano ou às pessoas, de forma isolada ou associada. Uma pandemia tem muitas dimensões e todas devem estar inseridas em modelos que considerem a resiliência uma questão a ser definitivamente incorporada ao planejamento.

É preciso compreender que a intersecção do desenho urbano com a saúde pública é um território cada vez mais crítico. A pandemia de Covid-19 trouxe a todos a conscientização das fragilidades no dia a dia nas cidades, e não podemos perder essa janela de oportunidades para estruturar as mudanças necessárias, que melhorarão a vida nas áreas urbanas, mesmo nas condições mais críticas de uma pandemia.

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