Clóvis Rossi

Repórter especial, foi membro do Conselho Editorial da Folha e vencedor do prêmio Maria Moors Cabot.

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Clóvis Rossi

O fracasso da esquerda idiotizada

E o PT continua sócio do desastre em Caracas

Venezuelanos fazem fila para cruzar a fronteira para a Colômbia, em San Antonio del Tachira (Venezuela) - Carlos Eduardo Ramirez - 3.ago.18/Reuters

A monumental incompetência do regime venezuelano superou todos os limites e só pode ser qualificada de imbecilidade. O desastre por ela produzido supera algumas das marcas mais sinistras da história da humanidade.

No entanto, só agora, cinco anos e meio depois de ter sido eleito pela primeira vez, Nicolás Maduro confessa que fracassou: “Os modelos produtivos que até agora temos testado fracassaram, e a responsabilidade é nossa, é minha, é sua”, afirmou o ditador no congresso do Partido Socialista Unido da Venezuela, na noite de segunda-feira (30).

Vejamos o tamanho da hecatombe econômica e social gerada pelos “modelos produtivos” testados pelo regime bolivariano, essa ficção inventada para dar algum verniz histórico ao que não passa do velho caudilhismo:

1 - O economista Ricardo Hausmann, venezuelano que leciona na Escola de Governo John F. Kennedy em Harvard, lembra que, no fim do mês passado, Alejandro Werner, diretor do Fundo Monetário Internacional, anunciou que calculava que, ao terminar 2018, a economia da Venezuela seria 45% inferior ao seu nível de 2013 (o ano da primeira eleição de Maduro).

Comparações: na Grande Depressão, talvez o maior colapso econômico conhecido na história moderna, a economia americana encolheu 28,9% entre 1928 e 1933 (um lapso, portanto, também de cinco anos).

Na Guerra Civil Espanhola (1936/1939), o Produto Interno Bruto sofreu um retrocesso de 29%. Na recente crise grega, a que afundou o país, o retrocesso foi de 26,9%.

A Venezuela de Maduro conseguiu superar, com folga, muita folga, todos os desastres que os livros de história registram como os mais tenebrosos.

2 - Mas não é tudo: a inflação (hiperinflação na verdade) baterá em um milhão por cento (escrevo por extenso, contrariando o Manual da Folha, para poupar o leitor de contar zeros em penca).

Esse índice obsceno só é comparável ao que se viu na Alemanha a partir de 1923 ou no Zimbábue em 2008/09.

A consequência na Alemanha foi a ascensão de Adolf Hitler e todo o cortejo de misérias que se seguiu. Na Venezuela, ao contrário, foi um ditadorzinho canhestro que ascendeu e gerou a hiperinflação, o retrocesso econômico e a fuga em massa de seus compatriotas.

No caso do Zimbábue, o ditador (Robert Mugabe) já estava instalado e produziu o colapso de um país potencialmente rico (como a Venezuela, aliás), transformado em pária na comunidade internacional.
Como se fosse pouco, Maduro e seus comparsas do PSUV empenham-se a cada dia em complicar a vida dos venezuelanos. A mais recente idiotice é o corte de cinco zeros na moeda.

Causará o seguinte problema prático, conforme o economista Victor Álvarez relatou ao jornal El Nacional: a passagem de ônibus passará a partir do dia 20 para 0,10 bolívar soberano (ou o equivalente a 10 mil bolívares antigos, a serem substituídos pela nova moeda).

O passageiro terá que pagar com uma moeda de 0,50 bolívar e não há como dar o troco porque não há moeda com denominação inferior.

Fica fácil entender por que 5.000 pessoas por dia estão fugindo do país, “no maior fluxo de migração na América Latina em décadas”, segundo o jornal The New York Times.

O PT continua apoiando esse desastre, o que demonstra que a idiotia não é apenas do tal de bolivarianismo.

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