Colo de Mãe

Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

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Descrição de chapéu Família

Não é hora de voltar com reunião presencial na escola

A pandemia deixou um lastro de morte e adoecimento mental, mas pouco nos ensinou sobre as novas possibilidades de vida remota

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São Paulo

Alguém decidiu de alguma forma que a pandemia acabou, o que não é verdade. Embora estejamos com um número baixo de contaminações e mortes por Covid-19, elas ainda existem. A doença não tem cura e a morte não tem volta.

Parece óbvio, mas não é. A segurança de todos ainda deve ser garantida pelo distanciamento social, no entanto, como ninguém aguenta mais ficar isolado e distanciado totalmente de suas tarefas, relacionamentos e rotinas, a volta do presencial está com tudo.

Ao que parece, reuniões escolares online não serão um legado da pandemia - Folhapress

Não está sendo diferente nas escolas. Depois de ficarem praticamente dois anos fechadas -o que trouxe prejuízos para a vida dos alunos e deve comprometer o futuro da nação-, a rotina presencial nas escolas voltou com tudo. Inclusive, em situações que não precisariam de presença.

No início da pandemia, poucos meses depois de trancafiados, a esperança de que a empatia humana reinaria sobre o caos tomava conta de nós. Acreditávamos que o "novo normal" nos traria um mundo de possibilidades, em especial no que diz respeito às tecnologias, mas não é o que está ocorrendo.

Se podemos ter aulas remotas, que as tenhamos em situações específicas. Se podemos fazer nosso trabalho de casa, que o façamos em situações específicas. E, por fim, se podemos fazer reuniões online, que assim seja para todo o sempre. Amém.

Não é o que se vê pouco tempo depois do fim da obrigatoriedade do uso de máscaras. Grandes encontros presenciais têm marcado o tom da vida diária, especialmente no ambiente escolar. E tome dificultar a vida das mães que trabalham.

Quando minhas filhas eram pequenas, se havia uma coisa que me incomodava eram as homenagens de dias das mães. Embora eu seja uma mãe orgulhosa de minha condição e apaixonada por minhas crias, eu sempre pensava em filhos sem mãe e nas mães sem filhos.

Além disso, por ser uma mãe que escolheu seguir no mercado de trabalho, essas comemorações, além de caras, sempre interferiram na minha rotina de quem trabalha de segunda a sexta-feira, aos finais de semana em esquema de plantão e em feriados como se não houvesse parada.

Por isso, ao definir a escola na qual minhas meninas iriam estudar, levei em consideração como eram dosadas as homenagens que, em outras escolas, eram cobradas e feitas em horários completamente fora da minha realidade. Escolhi uma escola em que festa de dias dos pais, das mães e junina ocorria ano sim, ano não, o que era um alívio. Além do mais, nada extra era cobrado. Tudo ocorria de forma simples, linda, emocionante e já dentro do orçamento da mensalidade.

Mas eu nunca venci a batalha da reunião escolar presencial. Uma reunião que pode ser feita online, como ocorreu na pandemia, com pais e mães assistindo-a de qualquer canto do país ou do mundo, na rua, na chuva, na fazenda, em seus sítios onde se podia viver longe do vírus ou de suas casas ou apartamentos na praia ouvindo o barulho do mar.

Para mim, a reunião online seria o maior legado da pandemia. Mas não. Essa não veio para ficar. As reuniões presenciais escolares estão sendo retomadas com todas as forças, assim como as homenagens a mães e pais num país cheio de criança órfã.

E eu sigo aqui, equilibrando ainda mais os pratinhos. Tendo que me dividir entre o trabalho híbrido, as obrigações profissionais, financeiras e domésticas, a rotina escolar das meninas, que agora é totalmente presencial (ufa!), e as reuniões presenciais que podiam ser online.

A mãe não tem um minuto de paz neste país.

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