Conrado Hübner Mendes

Professor de direito constitucional da USP, é doutor em direito e ciência política e membro do Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade - SBPC

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Conrado Hübner Mendes
Descrição de chapéu Folhajus universidade

A ciência é um farol

Nem todas as luzes foram apagadas na busca por novo projeto de país

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Esta coluna foi produzida especialmente para a campanha #ciêncianaseleições". Neste mês de julho, pelo segundo ano, colunistas cedem seus espaços para abordar temas relacionados ao processo científico, em textos escritos por convidados ou por eles próprios.

Este espaço foi cedido pelo colunista Conrado Hübner Mendes, para as professoras Soraya Smaili (Unifesp) e Debora Foguel (UFRJ). Elas são pesquisadoras do Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou_Ciência).

No último dia 26 de junho, Gilberto Gil completou 80 anos e fomos nós que ganhamos um presente, seu artigo "Brilho da ciência e da cultura vai nos tirar da escuridão". Gil defende que cientistas e artistas comungam de fazeres comuns: desbravam o desconhecido, esquadrinham os mistérios do universo e da alma, imaginam mundos distintos e futuros possíveis. Ciência e cultura nos ajudam a enxergar e reencontrar nossa humanidade, ingredientes necessários para desenhar um novo projeto de país.

É nas universidades que as energias criativas da ciência, da arte e da cultura se encontram e se misturam num ambiente diverso e plural, gerador de ideias, forças e vidas. São essas instituições que teimam em persistir e resistir a esses tempos sombrios e a seus cavaleiros do apocalipse que pregam o descaso, o desmando, o desmonte.

Em 2022, após três anos de grandes perdas, muitas universidades federais já anunciaram que não terão recursos para deixar suas portas abertas até o fim do ano e as salas de aula ocupadas presencialmente, bem como manter em atividade os laboratórios e grupos de pesquisa, os hospitais que atendem à população doente pelo Sistema Único de Saúde e os projetos de extensão que levam a universidade para além-muros.

Fachada do Palácio universitário localizado no campus Praia Vermelha da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) - Ricardo Borges - 03.set.20/Folhapress

Esse anúncio é estarrecedor diante das centenas de ações que as universidades federais, mas não só elas, incentivaram nos últimos dois anos. Segundo levantamento do Centro Sou_Ciência (Sociedade, Universidade e Ciência), em parceria com a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), até o momento, das 40 universidades mapeadas, foram catalogadas mais de mil ações, em mais de 500 municípios, abarcando atenção à saúde; pesquisa, tecnologia e inovação; extensão e solidariedade; comunicação e atividades de organização da própria instituição ou de apoio às prefeituras, estados ou mesmo no plano nacional.

No Mês da Ciência, o Sou_Ciência, em parceria com o Instituto Serrapilheira, lança um painel que evidencia a derrocada do financiamento e deterioração das estruturas dessas mesmas universidades federais e institutos de pesquisa.

Apesar do dinheiro curto, é de fato impressionante tomar conhecimento da riqueza de ações que as universidades promoveram durante a pandemia, capilarizando suas iniciativas pelos vazios do país, batendo na porta dos invisíveis e levando informação confiável a favor da vida ao longo de dois anos de trabalho, de soluções baseadas em evidências científicas e necessidade. Esse esforço e apoio solidário, somado àquele dos profissionais de saúde e do SUS, foram reconhecidos pela sociedade brasileira, mas não pelo governo federal.

Em outra pesquisa realizada pelo Sou_Ciência, em parceria com o Instituto Idea Big Data, constatou-se que, hoje, as pessoas passaram a se interessar mais por ciência e saúde, confiam prioritariamente nos cientistas e médicos e já conseguem citar o nome de cientistas ou instituição de pesquisa brasileiros. Um movimento que se reflete no alto percentual de brasileiros que acreditam na vacina e que estão vacinados e vivos.

Nem todas as luzes foram apagadas. As muitas que sobraram, felizmente a maioria, servem de farol para nos guiar de volta ao caminho do desenvolvimento e ao encontro de um novo Brasil, onde educação, ciência e cultura sejam prioridades.

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