Cristina Serra

Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.

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Uma retumbante banana ao STF e ao Brasil

Esse foi o último ato de Abraham Weintraub ao escafeder-se na calada da noite

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Em um ano e quatro meses na cadeira de ministro da Educação, o que fez Abraham Weintraub? Boneco de ventríloquo de um astrólogo de araque, dedicou-se a atacar os pilares da universidade genuinamente democrática: a inclusão, a diversidade e a autonomia de gestão. Cortou verbas, programas, bolsas de pesquisa. Tentou nomear interventores, iniciativa felizmente anulada.

Antes de escafeder-se na calada da noite, revogou portaria que reservava cotas para negros, índios e portadores de deficiência em cursos de pós-graduação. E deixou no Congresso o mal formulado projeto de lei “Future-se”, que muda a forma de financiamento do ensino superior. Por vício de origem, tal “legado” merece apenas um destino: a lata do lixo.

Weintraub semeou desvarios ideológicos e distorções históricas, como a infame referência à “noite dos cristais”, na Alemanha nazista. De sua boca suja porejaram ofensas, conforme registrado no vídeo da indecorosa reunião do dia 22 de abril: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”. Como é próprio dos covardes, fugiu para não ter que responder a dois inquéritos na corte.

Weintraub e educação não combinam na mesma frase. Que isso tenha acontecido, nesse desvão da história em que estamos atolados, é uma desonra à memória de gente como Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e Paulo Freire, pensadores da educação como forma de emancipação civilizatória.

Em janeiro de 1989, o Brasil parou para assistir ao último capítulo da novela Vale Tudo. Na última cena, um executivo mau caráter fugia do Brasil num jatinho, dando uma banana para o país. A cena me ocorreu quando soube da fuga de Abraham Weintraub para Miami, usando indevidamente a condição de ainda ministro para burlar a proibição da entrada de brasileiros nos EUA. Ao que tudo indica, Weintraub cometeu mais um crime, segundo ele mesmo, com a ajuda de “dezenas” de pessoas. Seus cúmplices. Em seu último ato, Abraham Weintraub deu uma retumbante banana ao STF e ao Brasil.

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