O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, deve explicações à sociedade sobre a atuação de um órgão a ele subordinado, a Secretaria de Operações Integradas (Seopi). O repórter Rubens Valente revelou no UOL que a Seopi produziu um dossiê com informações sobre 579 pessoas, a maioria servidores de órgãos de segurança pública, que integrariam um certo "movimento antifascismo".
Tudo indica que estamos diante de uma estrutura de espionagem e intimidação, aos moldes ditatoriais.Também foram alvo da bisbilhotice intelectuais do porte de Paulo Sérgio Pinheiro, integrante da extinta Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Arns, de defesa dos direitos humanos, que tem se manifestado de maneira firme contra atos de Jair Bolsonaro, como a incitação ao genocídio de povos indígenas.
O ministro também deveria esclarecer por que revogou normas que facilitariam o rastreamento de armas destinadas aos agentes da Força Nacional de Segurança. A revogação se soma a outras medidas tomadas por Bolsonaro que aumentam o descontrole da circulação de armamento no país. A quem isso interessa ?
André Mendonça é o mesmo que chamou Bolsonaro de "profeta" e que não hesita em intimidar jornalistas críticos ao governo recorrendo à Lei de Segurança Nacional, restolho do regime militar e anomalia jurídica mantida na ordem democrática como tumor não extirpado.
Quando ainda respondia pela Advocacia-Geral da União, criticou governadores e prefeitos por tomarem medidas "autoritárias" no combate à pandemia. Já ministro, quando um grupo de celerados atacou o Supremo Tribunal Federal com fogos de artifício, afirmou que era preciso compreender a "crítica" e a "manifestação" do povo com "humildade".
Bolsonaro já disse que pretende indicar para o STF um ministro "terrivelmente evangélico" e que Mendonça —pastor presbiteriano— se encaixa nessa definição. Um alinhamento terrivelmente servil também pode garantir pontos extras na disputa.
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