Cristina Serra

Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Cristina Serra
Descrição de chapéu machismo

Robinho e a cultura do estupro

Felizmente, como ele próprio descobriu, existe o movimento feminista

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"O que fazer com um camarada que estuprou uma moça e matou? Tá bom, tá com vontade sexual, estupra, mas não mata". O ano é 1989, e o autor da frase torpe é Paulo Maluf, então candidato do PDS à Presidência. Tal barbaridade nem de longe atrapalhou sua longeva carreira política, encerrada por outros motivos. Isso é cultura do estupro.

Em 2003, o então deputado Jair Bolsonaro disse à sua colega na Câmara, Maria do Rosário: "Jamais iria estuprar você porque você não merece". Em 2014, repetiu a agressão no plenário. Dezesseis anos após o primeiro ataque, já presidente, foi condenado a pedir desculpas e a indenizar a deputada. Em nota fajuta, claramente a contragosto, pediu desculpas, mas tentou justificar as agressões devido ao "calor do momento" e ao "embate ideológico". Isso é cultura do estupro.

Não à toa, o jogador Robson de Souza, o Robinho, vê no presidente alguém a quem se comparar, ambos, coitados, perseguidos pela mídia. Robinho foi condenado em primeira instância pela Justiça italiana a nove anos de prisão por violência sexual em grupo contra uma mulher de 23 anos, em 2013. Segundo a sentença, os acusados sabiam que a vítima estava em condição psíquica debilitada durante os atos sexuais.

É exatamente o que o próprio Robinho admite, em deboche explícito, numa das conversas grampeadas durante a investigação: "Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu". Isso é cultura do estupro e configura crime, segundo a lei italiana.

O que ainda espanta nisso tudo é que o Santos não viu nenhum problema em contratar o jogador. Só desistiu após a reação de mulheres e a pressão dos patrocinadores, preocupados com prejuízos às suas marcas. A cultura do estupro se insere num quadro muito mais amplo de violência contra as mulheres e também vai muito além do futebol. Felizmente, como descobriu contrariado o próprio Robinho, existe o "movimento feminista".

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.