Cristina Serra

Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.

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Cristina Serra

O apocalipse Bolsonaro

Ele tem os seus quatro cavaleiros do apocalipse

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Declaração do secretário-geral da Presidência, Luís Eduardo Ramos, remeteu-me aos quatro cavaleiros do apocalipse, citados em textos bíblicos. O general de pijama encrespou-se com os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, ex e atual presidente do TSE, que condenaram ataques ao sistema eletrônico de votação.

Ramos disse que Bolsonaro "está sentado nessa cadeira [da Presidência] por missão de Deus" e que tem recebido críticas "muito duras". Por isso, Ramos afirmou sentir-se no direito de levantar dúvidas sobre a "isenção e imparcialidade de futuros processos".

Bolsonaro e Luiz Eduardo Ramos, no Palácio do Planalto - Evaristo Sá/AFP

Não, general, não foi Deus que colocou seu chefete lá. Foram os votos obtidos por meio do mesmíssimo processo que será usado nas eleições de 2022. Invocar suspeitas sobre o sistema de votação, sem provas, é crime. É golpe.

O tom de Ramos contra os ministros é o mesmo da afronta de Braga Netto contra a CPI da Covid. Na época, o general abespinhou-se com declaração do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), sobre o "lado podre" da caserna envolvido em "falcatruas" no Ministério da Saúde, e emitiu nota intimidatória contra os senadores.

Augusto Aras é o terceiro cavaleiro. Não só pela blindagem a Bolsonaro, mas pelo empenho em desmoralizar a CPI e a própria PGR. Os senadores identificaram crimes e provas. Fizeram o que Aras não fez e continua se recusando a fazer: investigar o massacre de quase 650 mil brasileiros, comandado por Bolsonaro.

Especialista no "dane-se" generalizado para o país e as instituições, o presidente da Câmara, Arthur Lira, completa o time. Sentou-se na maior pilha de pedidos de impeachment da história, comanda a rapina do orçamento secreto e ignora há três meses decisão do TSE sobre a cassação do mandato de um deputado.

No tal texto bíblico, o quarteto do fim do mundo é associado a uma sequência de desgraças: peste, fome, guerra e morte. Metáfora perfeita para o que representam Bolsonaro e seus quatro cavaleiros do apocalipse.

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