Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely
Descrição de chapéu Dia dos Namorados

Ask Ariely: sobre malas nos aeroportos, arrependimento e Dia dos Namorados

'Prometi ignorar a data comercial, mas meu marido espera presente no Dia dos Namorados'

Querido Dan,

De acordo com dados recentes que descobri, os operadores da TSA nos Estados Unidos (responsáveis pelo controle de bagagens nos aeroportos) continuam falhando na tarefa de detectar armas carregadas por passageiros. Eu acredito que eles simplesmente prestam pouca atenção porque quase nunca encontram nada. Para melhorar esse quadro, o que acha da ideia de contarmos aos operadores da TSA que agentes infiltrados tentarão contrabandear até três armas em aeroportos todos os dias, e quem as detectar será premiado com um bônus de US$ 50?

Richard


Richard,

Eu amei a ideia. Primeiro, você está correto.

Pesquisas mostram que a nossa atenção se desvia após 15 minutos de inatividade. Então seria útil que os agentes infiltrados com as armas visitassem os operadores até com maior frequência, talvez a cada 15 ou 30 minutos. Há, entretanto, um grande problema: enquanto os agentes da TSA se apressarão para lidar com os constantes alertas de armas, todos os que esperam pelos voos poderão ficar completamente aterrorizados.

Uma abordagem mais simples e menos provável de causar pânico entre as pessoas nos aeroportos seria, talvez, programar a máquina de raio-x para mostrar, periodicamente, uma imagem “falsa” de uma arma escondida dentro das malas. Isso ajudará os agentes da TSA a ficarem mais alertas!

 

Querido Dan,

Há algum tempo, meu dentista sugeriu que eu fizesse um tratamento estético. Ele disse que meu plano odontológico cobriria a maior parte do custo, mas na época, não me interessei. Quando eu estava às vésperas de perder o plano odontológico, após sair da empresa em que trabalhava, fiz uma última visita ao dentista. Novamente ele insistiu na ideia de realizar o tratamento estético alegando que ainda conseguiria incluir o tratamento no plano odontológico da minha antiga empresa. Por alguma razão, aquilo me convenceu. Hoje, três dias após o início do tratamento me sinto péssima e arrependida da minha decisão. O que você me levou a fazer essa escolha?

Jojo


Jojo,

Sua história ilustra o poder da sensação antecipada de arrependimento. Isso ocorre quando nos sentimos pressionados a agir de forma imediata —como você se sentiu em vias de perder seu plano odontológico e não conseguimos parar de imaginar como nos sentiremos se não fizermos aquilo— a compra do tratamento estético utilizando o desconto do plano oferecido pela empresa que você trabalhava.

Isso aconteceu comigo quando eu e minha esposa, Sumi, fomos comprar uma TV de tela grande, e o vendedor perguntou: "como você se sentiria se a TV quebrasse e você não tivesse comprado a garantia estendida?". Sentimos esse arrependimento antecipado e, é claro, pagamos pela garantia estendida, que era muito cara.

Uma defesa contra “arrependimentos antecipados” é imaginar cenários que não dependam da temporalidade. Você poderia dizer para si mesmo: "e se meu novo emprego também oferecesse cobertura de seguro para tratamentos estéticos? Eu faria?"... Se a resposta for não, isso lhe diz que é o arrependimento antecipado que está falando, e não realmente o desejo de fazer o tratamento, que está conduzindo a sua decisão.

 

Vendedor de rosas em Kolkata, na Índia, durante a semana do Valentine's Day - AFP

Querido Dan,

No último Dia dos Namorados, como de costume, senti que era uma data para celebrar um amor falso e comercial, projetado por corporações para maximizar sua própria riqueza às nossas custas. Prometi para mim mesma que da próxima vez, iria ignorar a data completamente. Eu sei que meu marido vai esperar um presente e um jantar agradável, mas tenho dificuldade em ceder a essa manipulação. O que devo fazer?

Maya


Maya,

Dar presentes é uma maneira incrível de aumentar a conexão humana, a amizade e a reciprocidade. Nós não damos presentes o suficiente para as pessoas que mais amamos. Então, por mais que todos nós saibamos que o Dia dos Namorados é uma invenção comercial, pelo menos nos faz pensar nos nossos entes queridos e relacionamentos, e isso é bom.

Meu conselho: atenha-se à prática de jantar e presentes. E se for muito difícil para você fazer isso no Dia dos Namorados, faça no dia ou semana anterior!

Dan Ariely

Economista comportamental, americano é professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos.

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