Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely
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Ask Ariely: Sobre liquidação, aposentadoria e o replanejamento das resoluções de final de ano

Quando pensamos em uma meta rígida e falhamos, a chance de nos sentirmos fracassados e desistirmos é grande

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Querido Dan,
Estamos na época das grandes promoções e fico me perguntando porque me sinto tão bem quando compro algo que está com desconto ou, melhor ainda, numa grande promoção?
- Sarah

A felicidade é muitas vezes um julgamento relativo sobre a distância entre onde estamos e onde poderíamos estar. Portanto, levando em conta a comparação de ambos os cenários, se pensarmos que algo poderia ter sido melhor, nos sentimos mal, e se pensamos que algo poderia ter sido pior, nos sentimos bem. Então, quando compramos um item com um grande desconto, é fácil comparar nossa situação: cenário onde pagamos o preço cheio versus cenário onde pagamos muito menos pelo mesmo item —e por isso nos sentimos fantásticos.

O problema é que a comparação relativa que ocorre quando compramos algo na promoção e que nos dá essa sensação de bem-estar, obviamente, não traz uma felicidade duradoura. Pois a partir do momento em que começamos a usar aquele item adquirido, paramos de pensar em quanto pagamos por ele e então, a felicidade relativa do desconto simplesmente desaparece.

Para manter o brilho dessa barganha, você pode se lembrar constantemente do quanto de desconto teve quando adquiriu aquele item ou poderia perceber que a felicidade de comprar mercadorias em promoção tem uma vida útil curta.
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Querido Dan,
Quero começar a levar mais a sério o hábito de poupar para a minha aposentadoria. Poderia sugerir algum truque que me ajude a atingir esse objetivo?
- Teo

Em um mundo hipotético, onde as pessoas sempre tomam as melhores decisões, a regra seria de poupar a maior quantidade possível de dinheiro para a nossa aposentadoria. No mundo real, provavelmente economizaríamos ainda menos do que temos economizado hoje. Geralmente, poupamos o que nos resta depois de todos os gastos que tivemos no mês. E como a vida é cheia de tentações, muitas vezes gastamos mais e economizamos menos. Uma das melhores soluções é a de eliminar a tentação de gastar mais do que deveríamos.

Por exemplo, pense na sua conta 401(k) –nome dado a uma conta de aposentadoria, utilizada popularmente nos EUA, na qual empregado e empregador contribuem mensalmente— o dinheiro dos nossos salários é descontado compulsoriamente forçando-nos a administrar nossos gastos mensais com o que sobrou. Isso não é o ideal, mas ao menos nos permite guardar alguma coisa.

Outro exemplo do poder da poupança compulsória está nos fundos de investimento: a chave para o crescimento do seu dinheiro acaba sendo colocá-lo em um fundo decente e seguro e, literalmente, esquecer dele. Um estudo da Fidelity Investments mostrou que os melhores poupadores de longo prazo são pessoas aqueles que esqueceram que tinham uma conta de investimento. (Contas de investimentos de pessoas falecidas persistem ainda mais)

Minha recomendação: tente pensar uma vez sobre poupar dinheiro –esse início de ano é um bom momento para isso— e configure transferências automáticas com o intuito de poupar e que servirão a você no longo prazo.
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Querido Dan,
Ano passado, como de costume, me propus diversas tarefas e objetivos para 2019. Acontece que, com o passar do tempo, tenho enfrentado dificuldades em seguir essas resoluções de final de ano. Queria saber se existem resoluções que são mais prováveis de serem seguidas que outras.
- Elizabeth

Provavelmente resoluções como: “Beber mais e melhores vinhos.” Agora falando sério, as resoluções que têm maior chance de seguirmos são as que não nos fazem sentir uns fracassados. O que quero dizer com isso é, quando pensamos em uma meta rígida e falhamos, a chance de nos sentirmos fracassados e desistirmos é grande, pois diremos a nós mesmos: “Eu falhei, então quer saber, agora também vou desistir”. Por outro lado, quando um fracasso é apenas uma pequena decepção ao invés de um fracasso completo, podemos cavar e continuar tentando. Portanto, reveja as suas resoluções e considere no seu planejamento a probabilidade de você falhar ocasionalmente.

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