Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely

O que podemos fazer para diminuir a violência armada?

Dan Ariely responde sobre armas, pensamento contrafactual e gerenciamento de impressões

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Querido Dan,

Queria saber a sua opinião sobre o controle de armas. Obviamente, é do interesse de todos um país mais seguro em que você tenha menos chances de levar um tiro. Mas os recentes massacres impulsionaram as vendas de armas. Existe alguma coisa que podemos fazer para reduzir a violência armada?

—Skyler

Isso tudo me parece um caso de otimismo em excesso. Quando ouvimos falar de violência armada, dizemos a nós mesmos: "Se eu não tiver uma arma de fogo, posso ser atacada —mas se eu tiver uma arma de fogo, posso me proteger". Podemos imaginar os benefícios da posse de armas, mas não conseguimos imaginar o estresse ou o pânico que sentiríamos em estar na mira de uma arma de fogo. (Muitas armas não são disparadas em situações de guerra justamente por conta do estresse que essa situação gera). Também não podemos nos imaginar como alguém agindo de cabeça quente e machucando outra pessoa ​ ou imaginar nossa nova arma sendo usada dentro de nossa casa para atacar a nós mesmos ou a entes queridos.

Afinal de contas, somos pessoas boas e sensatas e nos cercamos somente de gente igualmente perspicaz e calma. Assim, as pessoas compram armas, muitas vezes com boas intenções —mas essas armas facilitam que, em um momento de raiva, ódio ou fraqueza, alguém cometa um ato verdadeiramente devastador.

Como a humanidade continuará tendo explosões emocionais, o que podemos fazer para diminuir a violência armada? Uma abordagem seria tentar diminuir a probabilidade de cometermos erros sob a influência das emoções. Quando estabelecemos regras de trânsito, temos muita clareza sobre quando e como os carros podem ser usados, o que envolve respeitar os limites de velocidade, obedecer às regras de trânsito e assim por diante. Talvez devêssemos também estabelecer regras rígidas para armas que deixarão claro quando e sob quais condições as armas podem ser transportadas e usadas. E poderíamos exigir que os proprietários de armas obtivessem licenças e treinamento —mais uma vez, seguindo o modelo de segurança do trânsito— com penalidades caso haja violação das regras.


Querido Dan,

Em uma viagem recente, a locadora de veículos me ofereceu um seguro que custava quase tanto quanto o próprio aluguel do carro. Eu acabei contratando o seguro, mas quando recebi a fatura do cartão de crédito, não consegui entender o que estava pensando naquele momento em que aceitei a oferta. Por que nós compramos essas coisas?

-Benjamin

Isso tem relação com o pensamento contrafactual (pensamento sobre uma situação ou evento que não aconteceu, mas poderia ter acontecido) e o arrependimento. Imagine que você faça o mesmo caminho da sua casa para o trabalho todos os dias. Um dia, no percurso da sua rota habitual, uma árvore cai em cima do seu carro gerando perda total do veículo. Naturalmente, você se sentiria mal com a perda do carro, mas se sentiria muito pior se, naquele dia em particular, tivesse tentado um atalho e, com a mesma má sorte, se deparasse com a mesma situação onde uma árvore caísse em cima do seu carro gerando perda total. No primeiro caso, você ficaria chateado, mas no segundo exemplo, ao escolher o atalho, você se arrependeria de ter optado por seguir em um caminho diferente da sua rota habitual.

O mesmo princípio se aplica ao aluguel de carros. Quando um vendedor da locadora de veículos nos oferece um seguro caro, começamos a imaginar o quão estúpidos e arrependidos ficaríamos se sofrêssemos um acidente (Deus me livre) sem o tal do seguro para nos proteger. Nosso desejo de evitar nos sentirmos assim nos deixa muito mais propensos a adquirir o seguro.

Agora, provavelmente é bom pagar um pouco mais para evitar remorso de tempos em tempos - mas quando o valor fica muito alto, devemos começar a procurar maneiras de lidar com nossa provável sensação de arrependimento.

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Querido Dan,

Quando meus filhos que odeiam ajudar com as atividades da casa visitam seus amigos, eles lavam a louça e ajudam na cozinha. Como posso fazer com que eles façam isso em casa também?

—Jon

Como muitos de nós, as crianças são motivadas pelas impressões que fazem nas pessoas de quem gostam. Claramente (e infelizmente), você não está nessa lista. Talvez você possa instalar uma câmera na sua cozinha e conectá-la ao feed do Facebook de seus filhos e observar o poder do gerenciamento de impressões - processo consciente ou subconsciente no qual as pessoas tentam influenciar as percepções de outras pessoas sobre uma pessoa, objeto ou evento. Elas fazem isso regulando e controlando as informações na interação social - ao tentar impressionar seus amigos.

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