Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely

Sobre corações partidos, luta contra a comida e desafios infantis

Estudos mostram que as pessoas esperam que a dor de um coração partido dure muito mais tempo do que realmente dura

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Querido Dan,

Meu namorado e eu terminamos recentemente. Esse episódio trouxe-me uma angústia e depressão difíceis de suportar. Como posso lidar com essa sensação paralisante?

Inbal

Em geral, quando experimentamos uma forte emoção —seja raiva, alegria ou luto—, tendemos a acreditar que ela permanecerá conosco por muito tempo. De fato, o tempo amortece a sensação muito mais rapidamente do que esperamos.

O fim de um relacionamento pode ser um evento de vida terrivelmente difícil, mas estudos mostram que as pessoas esperam que a dor de um coração partido dure muito mais tempo do que realmente dura.

Uma maneira de facilitar a situação enquanto a agonia desaparece é mudar a maior quantidade de padrões rotineiros da sua vida, para que você evite ser lembrado constantemente e dolorosamente do seu ex.

Vá a restaurantes diferentes e conheça novas pessoas. Se puder, faça uma viagem a um lugar que você nunca visitou antes.

Rompimentos de relacionamento são uma das grandes experiências humanas universais. Eu gostaria de ter uma solução simples para a dor que causam, mas não tenho.

Pessoalmente, acho que suportar uma separação difícil é uma experiência da qual podemos aprender e uma maneira de aumentar nossas chances de melhorarmos na próxima vez que nos evolvermos com alguém.

Talvez ajude se você encarar essa dor como um subproduto da aprendizagem que é se relacionar.


Querido Dan,

Hoje, as pessoas estão muito mais conscientes dos perigos da obesidade —até ouvimos falar de uma guerra pública contra ela. Mas continuamos comendo e comendo. Eu sou um exemplo disso e não sei como mudar. Qual é o nosso problema?

—Dror

Não estamos focando nas coisas certas. Estamos combatendo a epidemia da obesidade fornecendo às pessoas informações educacionais e nutricionais —com base no pressuposto de que o conhecimento nos incentivará a tomar melhores decisões. Mas não é assim que as pessoas se comportam.

Um experimento liderado por Janet Schwartz, minha ex-colega da Duke University, identificou o efeito de fornecer informações nutricionais para os clientes de um restaurante. Nosso time escolheu um restaurante Chinês para realizar o experimento.

Em alguns dias, deixou claro para os clientes do local informações nutricionais e contagem de calorias de cada prato disponível. Em outros dias, ocultamos essas informações.

O efeito? Nenhum. O conhecimento de que alguns pratos eram muito menos saudáveis e mais calóricos do que outros não fez a menor diferença para os clientes.

O chef britânico Jamie Oliver recentemente fez uma observação semelhante. Ele mostrou às crianças como os seus amados nuggets de frango eram feitos. Separou ossos, tendões, pele e as piores partes das aves e moeu a mistura nojenta, originando uma pasta nada apetitosa.

Mesmo as crianças acompanhando todo o processo de preparo, quando ele fritou os nuggets na farinha de rosca as crianças ainda queriam comê-los.

Se esquecemos tão rapidamente o que estamos comendo, qual a chance de a educação alimentar ser efetiva?

O que resolveria, de acordo com os estudos do meu conhecimento, é que, se queremos mudar o comportamento alimentar, precisamos abandonar a falsa ideia de que informar e educar as pessoas sobre alimentação saudável é a solução.

Por exemplo, em vez de permitir que as pessoas comprem um refrigerante grande com informações claras sobre quantidade de calorias na esperança que que ela decida por uma opção mais saudável; por que não limitar o tamanho do refrigerante?


Querido Dan,

Meu filho acabou de completar 13 anos e ele e seus amigos estão começando a se desafiar a fazer todo tipo de coisa estúpida. Alguns se atrevem a comer alimentos muito apimentados ou nojentos; outros em pular de lugares altos; alguns envolvem convidar meninas para sair. Eu não entendo. Por que alguém de repente estaria disposto a fazer algo apenas porque tem a palavra "desafio" na frase?

—Manny

Vamos considerar dois tipos diferentes de desafio. O primeiro tipo destina-se a ajudar a pessoa a fazer algo que ela tem vontade. Imagine, por exemplo, que seu filho gosta de uma garota, mas é tímido demais para contar a ela. Se seus amigos o desafiassem a convidá-la para sair, a vergonha social diminuiria e seu filho poderia ser estimulado a conseguir um encontro com a tão sonhada menina.

Mas há um segundo tipo de desafio —por exemplo, incitar alguém a comer pimenta ou pular de um muro. Esta categoria não é sobre o bem-estar imediato da pessoa que completa o desafio; trata-se de seu lugar em uma hierarquia social. Quanto mais impressionante for o desafio, mais seu status social aumentará.

Espero que isso ajude você a ver um pouco da beleza dos desafios —e talvez até propor um grande desafio para você mesma.

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