Dan Ariely

Professor de economia comportamental e psicologia na Universidade Duke (EUA), autor de “Previsivelmente Irracional”.

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Dan Ariely

Ask Ariely: Como estimular doação em tempos de queda nos rendimentos

Lembrar às pessoas de seus privilégios relativos pode ser ferramenta poderosa

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Querido Dan,
Estou prestes a conhecer os pais da minha namorada e quero causar uma boa impressão. Como posso contar a eles sobre minhas realizações sem parecer presunçoso?
—Chris

As pessoas querem ser amadas e respeitadas, mas nossos instintos sobre como impressionar os outros podem estar errados. Uma técnica popular é equilibrar a autopromoção com a humildade usando o "humblebragging" (em português gabar-se modestamente). Seria algo como dizer, por exemplo, "Por alguma razão, continuo sendo solicitado a liderar todos os projetos inovadores em minha empresa". Você pode pensar que esta é uma boa maneira de transmitir aos pais da sua namorada que você é bem-sucedido, mas não arrogante.

Entretanto, de acordo com um estudo de 2018, a "humblebragging" geralmente faz com que as pessoas gostem de você menos do que uma gabar-se de maneira direta, porque elas consideram isso falso. Então, eu humildemente sugiro que quando você conhecer os pais de sua namorada, você mencione apenas uma ou duas coisas das quais você se orgulha, mas faça isso de forma direta e sem remorso.


Querido Dan,
Venho votando nas eleições presidenciais há décadas, mas este ano é a primeira vez que sou bombardeado com e-mails e postagens nas redes sociais me dizendo para "fazer um plano" para votar (eleições nos Estados Unidos são facultativas e ela refere-se a campanhas recentes incentivando cidadãos americanos a votarem nessa eleição). Por que as organizações estão gastando tanto para divulgar essa mensagem? A maioria das pessoas já não sabe como votar?
—Naomi

Quer a questão seja economizar dinheiro, praticar exercícios com mais frequência ou votar em uma eleição, boas intenções não levam automaticamente à ação. A mensagem para “fazer um plano de votação” origina-se de pesquisas de ciências sociais que mostram que as pessoas são mais propensas a cumprir quando são incitadas com antecedência sobre logística e contingências.

O poder da incitação (prompt) foi demonstrado em um estudo conduzido por David Nickerson e Todd Rogers durante as primárias democratas de 2008 na Pensilvânia. Um grupo de cidadãos recebeu um telefonema padrão “vá votar nessa eleição”, enquanto um grupo diferente era solicitado descrever questões como “Quando você vai votar? De onde você vem? E como você vai chegar ao seu local de votação?”. Pessoas que foram convidadas a fazer um plano acabaram tendo duas vezes mais chances de votar do que aquelas que receberam o telefonema padrão.

É ótimo que você tenha toda a intenção de votar, mas se você fizer um plano agora, é mais provável que acabe realmente fazendo isso.

Imagem do Dólar de Doação - moeda dourada; no meio delá há um círculo com aneis também dourados sobre um fundo verde
Royal Australian Mint está colocando em circulação moedas chamadas de 'dólar de doação' com o intuito de serem doadas a uma causa de caridade - Divulgação

Querido Dan,
A pandemia prejudicou muitas pessoas financeiramente, tornando as instituições de caridade que fornecem alimentos e abrigo mais importantes do que nunca. Mas as pessoas não estão contribuindo para instituições de caridade tanto quanto antes devido às suas próprias dificuldades financeiras. O que pode ser feito para quebrar esse ciclo vicioso?
—Luis

Quando as pessoas avaliam seu bem-estar financeiro, tendem a comparar sua renda atual com o que ganharam nos últimos anos. Mas mesmo que sua renda tenha diminuído este ano por causa de cortes de salários ou demissões, você ainda pode estar bem de vida em comparação com outras pessoas realmente necessitadas. Para instituições de caridade, lembrar às pessoas de seus privilégios relativos pode ser uma ferramenta poderosa. A Royal Australian Mint, por exemplo, está colocando em circulação moedas com um design especial que eles denominaram de “dólar de doação”.

As moedas podem ser utilizadas para compras normalmente, já que tem seu uso legal, mas foram colocadas em circulação com o intuito de serem doadas a uma causa de caridade. A ideia é que as moedas lembrem as pessoas de sua relativa riqueza, levando-as a doar mais do que apenas o dólar simbólico.

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