Daniel Furlan

Ator, comediante e roteirista, é um dos criadores da TV Quase, que exibe na internet o programa "Choque de Cultura".

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Um filme (parte final)

Uma tragédia que pode render várias risadas. A boa e velha troca de corpos

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Daniel Furlan

Usando uma canoa de uma tribo selvagem trocada pelo chapéu do orangotango, nossa heroína deprimida e o orangotango cientista partem na perigosa jornada para fora da ilha em direção ao espaço sideral. Após um longo período remando, quando finalmente chegam à base espacial no continente, descobrem-se vítimas de magia negra por parte da enfurecida tribo que, refletindo melhor sobre o negócio da canoa, os amaldiçoou fazendo-os trocar de personalidade um com o outro, numa tragédia que pode render várias risadas. Sim. A boa e velha troca de corpos.

O orangotango está num corpo de mulher e tem atrapalhadas interações sociais, nas quais só quer saber de dar divertidas cambalhotas o tempo todo. Ele não pode mais ajudar. Sozinha, nossa protagonista, agora no corpo do orangotango, decide tirar proveito da simpatia que macacos trajando roupas de humanos sempre despertam nas pessoas, usando essa garantida popularidade com as massas para liderar uma frente de combate interestelar. Mas infelizmente a população, moribunda devido ao vírus alienígena, tem dificuldades em aceitar um orangotango de roupa, mas sem chapéu, e persegue nossa heroína.

Ilustração de Luciano Salles para coluna de Daniel Furlan de 25.mar.2019
Luciano Salles

Refugiada no foguete, ela agora se prepara para uma viagem que não é mais a salvação do planeta, e sim a sua própria. Nesse momento, ela acha no bolso o pedaço quebrado de espelho e o mapa do tesouro presenteados pelo ex-militar. Confusa sobre sua verdadeira identidade, nossa protagonista encara seu rosto de orangotango sem chapéu no espelho, onde se lê: "O espelho é pra você não se esquecer quem você é". Momento de intensa reflexão. 

Graças a essa evolução espiritual instantânea, ela joga o mapa do tesouro fora e olha para o espaço. Ouve o choro do bebê que não está ali. A massa revoltada arremessa objetos no foguete. Dividida, ela tem esperança e medo. Seu filho a aceitará mesmo presa no corpo de um orangotango, tendo-o abandonado por 14 anos com dinossauros e liderando a luta contra seu povo alienígena?

Ela suspira e liga o foguete para seguir seu caminho: aniquilar os alienígenas, mesmo que isso signifique sacrificar seu próprio filho metade alienígena, metade humano com personalidade de dinossauro para salvar a raça humana, que a odeia por não ter um chapéu. 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... 0."

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