Não sou eu (nascida em 1942). Eu sou uma inofensiva professora aposentada de economia e história que vive modestamente em Chicago, mas está sempre disposta a ir a seu Brasil amado para dançar samba, ouvir MPB e comer a comida brasileira, a qualquer hora. A qualquer momento.
O que me faz ser "inofensiva"? Eu não acho que, "contemplando", consiga prever as ações ou intenções de empresários. Também não penso que eu possa facilmente preparar uma feijoada, simplesmente "contemplando". E nem em uma atividade, nem na outra, quero usar o Estado para coagir alguém a fazer o que minha contemplação me apontou.
Se você conhece a história da ciência econômica do século passado, talvez queira indicar Joan Robinson (1903-1983). Ela foi simplesmente brilhante, a única economista mulher de sua geração, tirando Anna Jacobson Schwartz, a merecer o Prêmio Nobel. Nenhuma das duas o recebeu. Estranho.
No entanto, Robinson de fato pensou que a contemplação, em vez dos fatos econômicos em que Schwartz se especializava, pudesse justificar que ela coagisse seus concidadãos. Mas Robinson enlouqueceu, virou maoísta e perdeu sua importância central na ciência econômica moderna. E ela já morreu, de qualquer maneira.
Não —o prêmio vai para Mariana Mazzucato (nascida em 1968). Assim como Robinson e outros teóricos como Paul Samuelson —parceiro de duplas mistas de tênis de minha mãe por anos, caso isso te interesse— e Joseph Stiglitz, insigne aluno de Samuelson, a professora Mazzucato acha que a "contemplação" pode facilmente antever o que empresários irão fazer. Contemple esta prova na lousa. Contemple o anglo-francês Concorde, magnífico fracasso da intervenção do Estado na inovação. Depois chame a polícia e comece a coagir pessoas. A tributá-las. Subsidiá-las. Conduza-as como se fossem gado em Mato Grosso.
Mazzucato faz sucesso tanto com a esquerda quanto com a direita porque pensa, como muitas pessoas, que o Estado nos enriqueceu e pode nos enriquecer mais. Os políticos adoram essa ideia (me pergunto por quê).
É por isso que ela é perigosa. Ela é uma estatista marxista que —como Thomas Piketty, digamos— não entende a teoria econômica elementar, é descuidada com os fatos econômicos e não é versada em história econômica.
Os erros de Mazzucato são muito numerosos. Mas só o que posso fazer aqui é indicar a vocês um livrinho de autoria de Alberto Mingardi e minha, intitulado "The Myth of the Entrepeneurial State" (2020). Existe uma edição em espanhol da Fundación para el Progreso.
Leia e chore. Porque, acredite em mim, nossos senhores acreditam em Mazzucato.
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