Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Nem voto de confiança tira Rússia do castigo

Atletas do país terão de competir de forma neutra na Paraolimpíada de Inverno de PyeongChang

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Seleção de hóquei da Rússia celebra após conquistar o ouro em PyeongChang
Seleção de hóquei da Rússia celebra após conquistar o ouro em PyeongChang - Jae C. Hong/Associated Press
 
A Rússia está com o caminho parcialmente livre para pensar nas disputas de Tóquio-2020, depois de ver seus atletas competirem de maneira neutra na Coreia do Sul. Mas ainda terá de superar inúmeras barreiras pelas falcatruas de doping que perpetrou. O Comitê Olímpico Internacional abriu as portas para que o país retorne à Olimpíada.
 
A Copa do Mundo de futebol, com início em junho, é um dos instrumentos primordiais para ajudar na limpeza da imagem do esporte russo, que organiza a competição. É um evento de grande porte, com visibilidade ímpar.
 
Não vai afugentar o fantasma do doping que paira sobre a Rússia, mas tem força suficiente para dar um leve lustro em algo que está completamente embaçado, sem brilho, além de desmoralizado.
 
Até a Olimpíada japonesa, no entanto, outras pedras vão dificultar a caminhada dos russos. Nesta sexta (9), por exemplo, começa a Paraolimpíada de Inverno, em PyeongChang, na Coreia do Sul, onde recentemente aconteceu a Olimpíada de Inverno, na qual a Rússia não pôde participar, na sequência de punições que cumpre pelo escândalo de doping.
 
A Rússia, suspensa, está fora da Paraolimpíada. O IPC (Comitê Paraolímpico Internacional), atualmente presidido pelo brasileiro Andrew Parsons, vetou a inscrição do país, repetindo o castigo aplicado na Paraolimpíada de Verão, em 2016, no Rio.
 
O IPC não pretende alterar essa conduta enquanto perdurar o descredenciamento da Rusada (Agência Antidoping da Rússia) pela Wada (Agência Mundial Antidoping), que se arrasta desde 2015.
 
É sabido como a Rússia, com participação estatal, se meteu nessa imensa enrascada de uso de drogas ilegais no esporte, que resultou no comprometimento de inúmeros atletas do país. Um insulto sem precedentes. O tema é explorado ao extremo pelos rivais. A defesa russa não conta com aliados, ficando em posição ainda mais difícil para apresentar sua versão dos fatos.
 

O COI e a Wada, notadamente esta última, foram implacáveis. O esporte russo acabou recebendo punição severa, que culminou com a proibição de ser representado em competições internacionais, com destaque para os Jogos Olímpicos.

Em PyeongChang ficou fora. A situação foi atenuada com a liberação para que atletas russos, sem qualquer registro de doping em seu currículo, pudessem se inscrever no evento. Pouco mais de 160 deles aproveitaram a chance, mas competiram sob tutela do COI. Não usaram uniforme russo nem puderam receber medalhas sob a execução do hino nacional do país.

 
Mesmo assim, eles arrebataram 17 medalhas (duas de ouro), sendo que quatro anos atrás, em casa, ganharam 33 (13 de ouro). Mas foi a partir dali que o pesadelo começou. Suspeitas de doping viraram denúncias e investigações comprovaram fraudes. Perderam medalhas e a liderança do evento.
 
A cartolagem russa continua alegando que os crimes apontados, especialmente os mais graves, não ocorreram. Recusam-se a reconhecer como procedentes crimes apontados pelas investigações. A Wada, por sua vez, mantém as acusações e fica claro seu empenho para que os russos continuem impedidos de competir por mais tempo.
 
A Rússia superou parte da pressão que vem sofrendo em consequência do problema. O alívio veio com a recente decisão do COI de encerrar a punição que impedia o país de participar de Jogos Olímpicos, e como ocorreu recentemente na Olimpíada de Inverno.
 
Nestes tempos, não basta ao atleta russo estar livre do uso de doping. Ele precisa inspirar confiança. Um russo, mais do que atleta de qualquer outra nacionalidade, certamente fica aborrecido ao ser selecionado para teste antidoping.
 
A contrariedade, em contrapartida, deve ser encarada também como um alívio, a chance de acabar com as dúvidas, mostrar transparência e a verdade.

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