Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Aquecimento para temporada de esportes olímpicos começa bem

Mesmo ofuscada pela Copa, etapa olímpica atual é momento importante para Tóquio

A alta temporada de esportes olímpicos está praticamente começando e este ano, e sofre forte concorrência da Copa do Mundo de futebol, com os preparativos das seleções e as disputas na Rússia a partir de 14 de junho. Isso persistirá por um mês, quando o Mundial chega ao fim e os olímpicos passam a ganhar alguma projeção, avançando para o seu pico anual no segundo semestre.

Esta etapa olímpica, por sua vez, pode ser considerada como um momento importante de uma linha do tempo até os Jogos Olímpicos de Tóquio daqui a dois anos. Nessa caminhada surgirão oportunidades aos competidores olímpicos para ajustes e realinhamento em seus planos de preparação, tendo a Olimpíada como alvo. São importantes as chances de pequenas regulagens, que devem ser observadas com rigor, pois a escassez de tempo dificilmente permite mudanças radicais nos programas de treinamento.

Os atletas brasileiros estão dando seus primeiros passos, com êxitos e fracassos, mas é cedo demais para avaliações. O cenário do atletismo, por exemplo, tem altos e baixos. Thiago Braz, ouro e recordista olímpico no salto com vara na Rio-2016, fracassou na sua estreia no ano ao ar livre, na etapa da Liga Diamante, em Eugene, nos EUA. Falhou nas três tentativas com o sarrafo em 5,41 m. Na Olimpíada, ele obteve 6,03 m. Uma diferença razoável. No Mundial Indoor este ano já não havia superado 5,80 m e ficou em 12º lugar. Terá outras provas para avaliação.

Thiago Braz foi medalha de ouro na Olimpíada do Rio, em 2016
Thiago Braz foi medalha de ouro na Olimpíada do Rio, em 2016 - Sergio Moraes - 16.ago.2016/Reuters

Dois companheiros dele, ao contrário, iniciaram em alto astral, com medalhas de bronze, também em Eugene: o arremessador de peso Darlan Romani e o triplista Almir Cunha dos Santos. Darlan quebrou o recorde sul-americano da sua especialidade com 21,95 m, melhorando em um centímetro a sua marca anterior. Ele ocupa o quarto lugar no ranking mundial do ano. Almir saltou 17,35 m, mas com o registro de 17,53 m, obtido anteriormente, figura em terceiro no ranking de 2018.

Na canoagem de velocidade, Isaquias Queiroz, que subiu três vezes no pódio na Olimpíada do Rio --é o maior medalhista do país em uma edição do evento--, ficou com a prata na segunda etapa da Copa do Mundo, sábado, em Duisburg, na Alemanha. Cravou  3m44s708 contra 3m42s385 do tcheco Martin Fuksa, ouro. Mostra que segue no grupo da vanguarda.

No judô, esporte no qual o Brasil ocupa destacada posição mundial, o pódio é rotina, apesar do alto nível técnico e força das seleções mundo afora. A equipe nacional arrebatou quatro medalhas no torneio de Hohhot, na China. A bicampeã mundial Mayra Aguiar (78kg) ficou com a prata, enquanto Rafael Silva (+100kg), Maria Suelen Altheman (+78kg) e Samanta Soares (78kg) conquistaram o bronze.

Mais tranquila está a seleção brasileira de futebol feminino que, recentemente, assegurou sua vaga nos Jogos de Tóquio. Foi a primeira equipe a carimbar o passaporte. Terá dois anos para se preocupar apenas com treinamento, sem a tensão de torneios classificatórios. A avaliação do estágio de preparação será feita em outros eventos e amistosos. O time masculino, atual campeão olímpico, ainda enfrentará seletiva.

O vôlei feminino disputa a Liga das Nações, torneio que substitui o Grand Prix, no qual o Brasil foi o país que mais venceu (12 vezes), inclusive na última disputa. A Liga está na terceira semana, na Holanda, e as brasileiras, no segundo posto, somam cinco vitórias e uma derrota. A liderança é das norte-americanas, com igual campanha, mas com vantagem por critério regulamentar de desempate. O vôlei de praia segue arrebatando pódios.

Embora as modalidades olímpicas em geral estejam em atividade, as disputas devem ganhar ritmo a partir de agora e, especialmente, nos primeiros meses do segundo semestre. A ginástica artística, costumeira conquistadora de medalhas nos torneios internacionais, saiu de mãos abanando na etapa da Copa do Mundo de Osijek, na Croácia, que acabou de acontecer.

Mas o resultado não assustou, pois o país não estava representado pela equipe de ponta. Atletas mais experientes estão em Cochabamba para as disputas dos Jogos Sul-Americanos. Entre eles, o destaque é Arthur Zanetti, campeão nas argolas em Londres-2012 e prata no Rio-2016. Este ano tem Mundial, em Doha, com equipamentos iguais aos de Cochabamba. Sem equivalentes no Brasil, os atletas nacionais têm a chance de um preparo mais adequado participando do evento boliviano.

Nos Sul-Americanos, as metas são, principalmente, buscar vagas para o Pan de Lima, programado para o ano que vem, e fazer testes para Tóquio-2020. Reportagem de Marcelo Laguna nesta Folha detalha bem os objetivos nos Jogos na Bolívia, que oferecem vagas para o Pan em 15 modalidades.

O interesse pelos eventos esportivos da temporada vai crescer. A expectativa é que essa tendência seja acompanhada por crises menos tensas (já que é impossível evitá-las) do que a dos últimos dias. Uma leve folga para preparar o psicológico e o estômago contra patifarias. Afinal, as eleições no Brasil estão ali na frente e delas não se deve fugir. Uma oportunidade sublime e inigualável para mudanças.

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