Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves
Descrição de chapéu basquete olimpíada

Fiba veio conferir se basquete brasileiro faz lição de casa

Após crise na CBB, entidade faz visita para conferir ações de reestruturação

Representantes da Fiba (Federação Internacional de Basquete) vieram ao Brasil para conferir o andamento das ações de reestruturação da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), após irregularidades constatadas em gestões anteriores da atual do presidente Guy Peixoto, que levaram a entidade até a cumprir suspensão tempos atrás. A princípio, a lição de casa parece em dia.

Relatório de auditoria contratada para desvendar a situação financeira da confederação e a dívida acumulada ao longo dos últimos anos revelou um passivo até o final de 2017 de R$ 38 milhões e uma série de anormalidades. O ex-presidente Carlos Nunes, que já havia deixado o cargo, está proibido pelo prazo de 10 anos de ocupar e se eleger para qualquer cargo na CBB ou em suas afiliadas.

A crise enfrentada pelo basquete ainda não foi superada, embora a nova direção da CBB tenha manifestado a intenção de se empenhar para garantir melhores dias e que os principais torneios nacionais, promovidos pelas ligas, estejam a todo vapor, e fazendo sucesso.

A tarefa de recolocar a CBB nos eixos é complicada. Até mesmo o aspecto técnico propriamente dito da modalidade anda comprometido. A seleção masculina, por exemplo, não garantiu vaga para os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019. Na competição não estará em jogo vaga olímpica no torneio de basquete, mas a presença do Brasil na disputa é tradicional e serviria de teste para jovens valores e revelações.

Após irregularidades, entidade veio acompanhar as ações tomadas pela nova administração da CBB
Após irregularidades, entidade veio acompanhar as ações tomadas pela nova administração da CBB - Folhapress

É a primeira vez que a ausência vai ocorrer desde a pioneira realização do evento em Buenos Aires-1951.

Nesse período, tanto no Pan como no Mundial, Brasil e EUA foram os únicos com presenças em todos os torneios. A seleção masculina tem 14 medalhas no Pan (seis de ouro, duas de prata e seis de bronze).

Total igual ao dos EUA, com oito de ouro, além de três de prata e outras três de bronze.

O Pan, inclusive, propiciou ao time brasileiro masculino uma das campanhas épicas de sua história, que foi a conquista do título de Indianápolis-1987, quando derrotou os anfitriões norte-americanos na decisão, então apontados como franco favoritos. O feito ganhou destaque na mídia e repercutiu nos Estados Unidos, berço do basquete e país no qual a modalidade, indiscutivelmente, é a mais evoluída do mundo.

Liderados por Oscar e Marcel, os brasileiros bateram os norte-americanos por 120 a 115. Quem não se lembra? Naquele time estavam ainda André, Rolando, Gérson, Cadum, Guerrinha, Israel, Paulinho, Sílvio, Pipoka e Maury. Foi a primeira derrota dos norte-americanos em casa, quebrou uma série de 34 vitórias consecutivas e ainda aplicada com inédita contagem acima de 100 pontos.

Jogadores da NBA, a poderosa e milionária liga profissional dos EUA, não participavam de eventos da Fiba e do COI. Mas o time contou com David Robinson, estrela em ascensão e que logo depois integraria o San Antonio Spurs, na NBA, e o Dream Team, a primeira seleção olímpica norte-americana com profissionais, campeã em Barcelona-92. Danny Manning e Rex Chapman, outros futuros astros da liga, também estavam no time.

Será que os torcedores terão chance de voltar a se empolgar com a seleção brasileira como naqueles tempos? Ou como nas conquistas das medalhas de bronze olímpicas de 1948, 1960 e 1964? Dos títulos mundiais do Chile-1959 e Rio-1963, e de mais duas pratas e dois bronzes? Ou dos lances de Amaury, Wlamir, Ubiratã, Succar, Mosquito, Rosa Branca, Edvar, Pecente e cia? Ou um pouco depois das jogadas de Carioquinha, Marquinhos, Hélio Rubens e outros da época?

Sem contar da magia e magistral camiseta listrada da seleção. Sempre há esperança, mas é como aguardar um milagre, um daqueles de arrepiar os cabelos, com dizem por aí.

Jogos Sul-Americanos

Enquanto o basquete tenta encontrar saída para o seu drama, atletas de 15 modalidades buscam nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, na Bolívia, a partir de sábado (26), vagas para o Pan-2019. Para alguns esportes, o Pan é um passo rumo aos Jogos Olímpicos de 2020. Com uma delegação de pouco mais de 300 competidores e de uma centena de integrantes de apoio (oficiais, médicos e comissões técnicas, entre outros), o Brasil lá estará representado.

Aproximadamente 4.350 atletas participarão de 49 modalidades --o Brasil em 35 delas. As que serão seletivas para o Pan: atletismo, boliche, ciclismo BMX, ciclismo estrada, ciclismo MTB, ciclismo pista, handebol, hóquei sobre grama, caratê, natação, pentatlo moderno, rugby, tiro esportivo, triatlo e wrestling. As disputas na Bolívia ganham relevância como parte da caminhada olímpica.

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