Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Feito de Calderano é destaque até em plena Copa de futebol

Mesatenista brasileiro acaba de ingressar no top 10 do ranking mundial

Em tempos de Copa do Mundo de futebol, o atrevimento de abordar assunto de outros esportes produz uma sensação estranha, ainda mais quando se trata do tênis de mesa, pouco divulgado no Brasil. Acontece que a notícia é relevante, vale a pena.

Trata-se da ascensão de Hugo Calderano, 22, o mesatenista do Brasil que acaba de ingressar no seleto grupo dos dez mais bem colocados do ranking mundial da modalidade.

Calderano agora figura no décimo posto. É um desempenho individual notável. Nunca antes um atleta da América Latina conseguiu atingir tal nível. Na sua frente estão apenas dois alemães e sete asiáticos, ou seja, ele é o melhor do planeta não-asiático ou europeu. O chinês Fan Zhendong, com 17.001 pontos, lidera a lista. Calderano soma 12.680, apenas 289 atrás do nono, Wong Chin Ting, de Hong Kong.

Recentemente, falei sobre a evolução de Calderano, inclusive destacando uma vitória dele sobre o então líder do ranking, o alemão Timo Boll. O jovem astro nasceu no Rio, progrediu na modalidade em São Caetano do Sul/SP, vive --e aprimora seu jogo-- nos últimos tempos em Ochsenhausen, na Alemanha, onde a liga do país é considerada uma das mais fortes do mundo. Lá, treina sob orientação do francês Jean-René Mounie. No momento, Calderano curte folga.

Seu objetivo, óbvio, é chegar mais perto do topo. Lembra que vem subindo no ranking com consistência nos últimos meses e que figurar entre os “dez mais” tem um simbolismo especial. Destaca ainda que o sistema de ranking agora é bem dinâmico e que muita coisa certamente vai mudar até Tóquio-2020.

Caso consiga seguir com seu planejamento --hipótese mais provável do que outra qualquer--, declara com exclusividade estar convencido que vai manter a evolução e chegar com chances de brigar por uma medalha naquela Olimpíada. Nos Jogos do Rio terminou em nono lugar, igualando o melhor resultado anterior do país no evento, em Atlanta-96, conquistado por Hugo Hoyama.

Calderano está entusiasmado pelo seu progresso, mas também pelo da seleção nacional, embora com ressalvas. Avalia que o tênis de mesa soube aproveitar a oportunidade do apoio recebido nos anos anteriores aos Jogos Olímpicos do Rio, apesar das necessidades de mais tempo e de trabalho de base para criar uma equipe realmente competitiva em nível mundial. Levando tudo em consideração, diz que o desempenho atual da seleção nas competições internacionais importantes deve ser comemorado.

No início deste ano, em seu blog no site da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, presidente da entidade, já havia alertado sobre a evolução dos atletas nacionais. Depois da não-classificação do Brasil às semifinais da Copa do Mundo Por Equipes da modalidade, o cartola afirmou que o tênis de mesa estava nos trilhos para ser cada vez mais competitivo, não apenas no masculino como também no feminino.

Os últimos resultados indicam que Azevedo não mostrou otimismo exagerado naquela oportunidade. Além de Calderano, outros brasileiros melhoraram suas colocações no ranking mundial. Vejam: Gustavo Tsuboi (de 45º para 42º), Eric Jouti (de 85º para 80º), Thiago Monteiro (de 114º para 105º) e Vitor Ishiy (de 147º para 118º ). Outros oito também evoluíram.

No feminino, o Brasil passa a contar com duas representantes entre a centena das mais bem colocadas (Bruna Takahashi, que pulou de 83ª para 67ª) e Lin Gui (de 118ª para 93ª). Outras atletas que subiram: Caroline Kumahara (de 180ª para 169ª), Bruna Alexandre (de 325ª para 321ª) e Jéssica Yamada (de 505ª para 362ª, ou seja, 143 postos).

O tênis de mesa do Brasil parece estar deixando de engatinhar, mas é cedo demais para soltar rojões. No momento, os fogos ficam para a seleção do Tite, pela campanha na Copa da Rússia, de garra, de técnica e de jogo limpo. Talvez algum dia, e que ele chegue logo, não seja nenhum atrevimento em plena Copa escrever sobre qualquer modalidade olímpica no país do futebol.

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