Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Edgard Alves

Crise de doping é desafio olímpico do ano novo

Rússia ficou alijada de competições e seus atletas tiveram que competir sob bandeira neutra

Atletas da Rússia desfilam na cerimônia de abertura dos Jogos de PyeongChang com a bandeira olímpica
Atletas da Rússia desfilam na cerimônia de abertura dos Jogos de PyeongChang com a bandeira olímpica - Jae C. Hong/Associated Press

O maior desafio do esporte olímpico em 2019 será colocar um ponto final no escândalo de doping envolvendo a Rússia. Afinal, trata-se da pré-temporada dos Jogos de Tóquio-2020, na qual será definida a maioria das vagas olímpicas. Não dá para esperar mais e gerar novas controvérsias.

Desde a Olimpíada de Inverno de Sochi-2014, uma nuvem de especulações e acusações, a maioria delas comprovadas posteriormente durante investigações, provocaram crises no movimento olímpico e severas punições ao esporte russo.

A equipe nacional daquele país ficou alijada de competições e seus atletas tiveram que competir sob bandeira neutra. Um vexame causado pelas falcatruas perpetradas sob a batuta da cartolagem russa.

Mais preocupante ainda foi a evidência da participação estatal no acobertamento de doping dos atletas. Embora o governo insista na negativa da  ocorrência dos crimes, investigações da Wada (Agência Mundial Antidoping) detectaram as fraudes.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) passou aperto durante a Olimpíada do Rio-2016 para decidir sobre a liberação ou veto à participação de atletas russos. Lavou as mãos e contornou o impasse ao transferir a decisão às federações internacionais de cada modalidade. O Comitê Paraolímpico Internacional, por sua vez, optou pela proibição da Rússia na Paraolimpíada, disputada logo depois.

Posteriormente, o COI endossou o afastamento total do Comitê Olímpico Russo dos seus eventos. Voltou atrás, revogando o veto em fevereiro último, após a Olimpíada de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, na qual  atletas russos participaram sem representar o país.

O atletismo, um dos esportes influentes no quadro do COI, mantém o veto à Rússia nos seus eventos. A Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) é a entidade que mais pressiona a Wada para uma apuração ampla das irregularidades cometidas pela Rússia. Quer um esclarecimento amplo das violações cometidas especialmente entre 2011 e 2015.

A Wada enviou recentemente uma equipe para análise de informações no laboratório da Agência Antidoping da Rússia, em Moscou. Surpreendentemente, os seus investigadores não tiveram acesso aos dados necessários para completar a investigação e encerrar o caso, que completaria a integração ampla dos russos. Em consequência, a Rússia continua sob o risco de ter sua suspensão reaplicada.

Apesar dos contratempos, a superação do impasse gerado pela patifaria continua sendo a proposta perseguida pelas partes, fato que será alcançado apenas se prevalecer a transparência.

O novo ano está aí e com ele as esperanças de uma solução para essa mancha, que suja o mundo esportivo. Óbvio, o caminho para que o esporte limpo triunfe é apurar as irregularidades até as últimas consequências. Só assim o movimento olímpico internacional verá restabelecida a verdadeira paz.

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