Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Pan de Lima mantém silêncio sobre impasse na Venezuela

Acirramento da tensão política no país pode atingir a competição

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Os preparativos para os Jogos Pan-Americanos de Lima, que começam em 26 de julho, estão acelerados. Várias crises foram superadas desde que a capital do Peru ganhou o direito de promover a competição, em 2013. Mas, na contramão do apronto final desponta o risco de o conflito político na Venezuela chegar aos Jogos.

A dramática situação venezuelana, fortemente acirrada por gravíssima dificuldade econômica, provocou um impasse crucial na semana passada quando o líder da oposição, Juan Guaidó, mandatário da Assembleia Nacional, se autoproclamou presidente interino, mas presidente Nicolás Maduro, com o apoio do exército, se recusou a deixar o posto.

Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro,  além de políticos de vários países, logo se manifestaram a favor de Guaidó. Potências como Rússia e China deram respaldo a Maduro, que recebeu outros apoios.

Esse embaraço, caso persista, pode gerar possíveis barreiras à participação venezuelana no Pan. Como evitar uma situação desagradável? Do lado dos organizadores será garantir que suas portas fiquem abertas para a delegação visitante, seja qual for o presidente do país no período das disputas. Do lado da Venezuela, mesmo diante da crise, o desafio será oferecer condições para os preparativos da sua delegação e, principalmente, manter a proposta de ida aos Jogos.

Foi na capital do Peru, paradoxalmente, que surgiu o denominado Grupo de Lima, integrado por representantes de países das Américas, que lá se encontraram em agosto de 2017 para debater a crítica situação na Venezuela. Naquela oportunidade, os chanceleres de 12 países, inclusive do Brasil, elaboraram o documento denominado Declaração de Lima, com denúncias de violações dos direitos humanos e ruptura da ordem democrática na Venezuela.

O desfecho da crise venezuelana continua imprevisível, mas, no momento, parece não preocupar os organizadores do Pan, que já superaram uma troca na presidência do Peru --pressionado por denúncias de corrupção, Pedro Pablo Kuczynski renunciou e foi substituído pelo vice Martín Vizcarra-- e destruições causadas por fortes chuvas.

Poucos dias atrás, em Lima, o comitê organizador promoveu um seminário para chefes de delegações dos Jogos. Marco La Porta, vice-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), esteve lá com outros três dirigentes da entidade. Afirmou que nada foi mencionado sobre a Venezuela, que também teve representantes no encontro. Os peruanos apresentaram um panorama de cada área do Pan, previsto para 26 de julho a 11 de agosto.

É provável que os cartolas tenham planos preparados caso surja algum entrave envolvendo a Venezuela. O momento político, no entanto, está tão delicado que ficar calado é a opção dos organizadores do maior evento poliesportivo das Américas e do Caribe, com participação estimada de 6.700 atletas de 41 países da região. Como diz o ditado, em boca fechada não entra mosca.
 

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