Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Edgard Alves

Futebol é principal entrave para decisão sobre doping russo

Rússia foi banida da Olimpíada e da Paraolimpíada de Tóquio-2020

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Acusada de manipular dados de controle antidoping, a Rússia foi banida das disputas da Olimpíada e da Paraolimpíada de Tóquio-2020, dos Jogos de Inverno de Pequim-2022 e de campeonatos mundiais em diversos esportes.
 
A Fifa, federação internacional de futebol, integra o quadro do COI. Com sua tradicional e riquíssima Copa do Mundo programada para o Qatar, em 2022, a entidade ainda aguarda por um esclarecimento mais detalhado da Wada.
 
O futebol virou um entrave para a cartolagem. Diante do quadro perturbador, em setor que envolve somas milionárias de dólares, a punição não deve ser aplicada nas fases classificatórias do Mundial, previstas para 2021 e 2022.

Há expectativa pelos detalhes e oficialização desse posicionamento. Ganha-se tempo precioso durante o qual uma solução pode ser encontrada para driblar a punição. Caso contrário, e na hipótese de a Rússia garantir sua vaga, a regra passará a valer.
 
Situação nebulosa numa Copa, com uma equipe não podendo representar a sua federação e competindo como “neutra”. Polêmica braba, envolvendo o país que organizou, com sucesso, o Mundial mais recente, em 2018.
 
A exclusão da Rússia dos eventos esportivos internacionais, válida por quatro anos, foi anunciada nesta segunda-feira (9) pela Wada (Agência Mundial Antidoping). Aos russos ainda cabe recurso na CAS (Corte Arbitral do Esporte), a derradeira instância do impasse, que se alonga por cerca de cinco anos.
 
A apelação pode ser feita no prazo de até 21 dias pela Agência Russa Antidoping (Rusada) ou pelo Comitê Olímpico Russo ou qualquer federação internacional envolvida.
 
Petr Tolstoi, vice-presidente da Duma, câmara baixa do Parlamento russo, disse que quer reaver os direitos do seu país e que a exclusão é uma forma de descartar a competitividade da Rússia. Entre os compatriotas dele há pessimistas, como Iouri Ganous, diretor da Rusada, e muito crítico das autoridades locais, para quem "não há qualquer opção de ganhar um recurso no tribunal".
 
Inicialmente, o escândalo despontou com as denúncias sobre manipulações de testes antidoping pelos anfitriões na Olimpíada de Inverno de Sochi-2014, na Rússia. E ganhou manchetes com revelações de que a patifaria tinha o envolvimento estatal, inclusive do serviço secreto da Rússia.
 
O país foi punido com o afastamento das competições, mas  seus atletas tiveram assegurado o direito de participar dos eventos esportivos internacionais  sob hino e bandeira neutros. Arranhou a Olimpíada do Rio-2016 e os Jogos de Inverno de PyeongChang-2018, na Coreia do Sul.
 
O COI (Comitê Olímpico Internacional) e a Wada chegaram a levantar a punição no ano passado, porém, exigiram que os dados registrados nos computadores do laboratório de Moscou pudessem ser acessados por seus investigadores.

A solicitação foi atendida em janeiro deste ano. Entretanto, constatou-se possível tramoia, com falsificação de informações e rastros de que arquivos relacionados a testes positivos de doping tinham sido removidos. Essa foi a base da denúncia que agora levou novamente ao banimento.

Bandeira russa ao lado da bandeira olímpica na cerimônia de encerramento dos Jogos de 2014
Bandeira russa ao lado da bandeira olímpica na cerimônia de encerramento dos Jogos de 2014 - AFP

A nova sanção teve aprovação unânime dos 12 membros ---cinco deles também do COI--- do comitê executivo da Wada, após análise de uma lista de recomendações do Comitê de Revisão de Conformidade.
 
Os atletas russos que quiserem participar da Olimpíada ou da Paraolimpíada de Tóquio, ou de qualquer outro grande evento, sempre sob bandeira neutra, deverão apresentar provas de que estão limpos, sem envolvimento com doping. Dirigentes esportivos da Rússia afirmam que seus atletas estarão em Tóquio.
 
Casos de doping costumam provocar aspectos controversos. Esse envolvendo a Rússia não fugiu à regra, mas resultou num cenário diferenciado. A repercussão foi tão grande que exigiu um trabalho de investigação complexo e abrangente. Todas as suspeitas de uso de doping deveriam ter tratamento semelhante.
 
A Wada está trocando a sua presidência ---sai o escocês Craig Reedie e entra o polonês Witold Banka---, mas tudo indica que a organização manterá o empenho na consolidação da credibilidade do sistema antidoping. Fiscalização séria, transparente e confiável é o mínimo que se espera para o jogo limpo.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.