O futebol no Brasil retorna das férias, enquanto em vários países a modalidade está a todo vapor. Mas isso não significa que essa atividade está parada por aqui. Pelo contrário, a retomada já começou mesmo com clubes ainda dispostos a vender jogadores ou contratar reforços.
As emoções do futebol ao vivo ficam por conta das pelejas da tradicional Copa São Paulo de juniores, com o brilho e o charme da participação de clubes de todos os cantos do país.
O início da temporada reserva também emoções para a segunda quinzena deste janeiro, quando a seleção brasileira vai tentar garantir sua classificação para os Jogos de Tóquio-2020 no pré-olímpico, na Colômbia.
O evento é especial, pois o Brasil conquistou sua primeira medalha de ouro na Olimpíada, no Rio, em 2016, meta sempre perseguida e marcada por frustrações. Ganhou da Alemanha na decisão, após empate por 1 a 1 —com gol de Neymar em cobrança de falta—, prorrogação e tira-teima final nos pênaltis. Finalizou o embate em outro acerto do atacante que garantiu a inédita medalha de ouro e muita festa da torcida no Maracanã.
Na trajetória nos torneios de futebol da Olimpíada, iniciada em Helsinque-52, na Finlândia, o Brasil havia perdido três decisões, quando ganhou a prata: em Los Angeles-84, em Seul-88 e em Londres-2012. Seu acervo acumula também dois bronzes, em Atlanta-96 e em Sydney-00.
A Fifa é a entidade responsável pelo futebol nos Jogos Olímpicos, evento maior do Comitê Olímpico Internacional. Por isso, a seleção nacional é assunto exclusivo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). No pré da Colômbia, que vale para os países da América do Sul, o campeão e o vice asseguram vagas em Tóquio. Ao terceiro colocado restará uma chance na repescagem.
A abertura do torneio está prevista para 18 de janeiro, véspera da estreia do Brasil contra o Peru. A seguir, a seleção brasileira enfrenta Uruguai (22), Bolívia (28) e Paraguai (31). Os dois mais bem colocados passam às semifinais para definir os classificados para os Jogos no Japão.
Apesar do seu retrospecto olímpico, o Brasil deve encontrar dificuldades no pré da Colômbia. O equilíbrio tem marcado as disputas sul-americanas também nas categorias de base. Além disso, o torneio não será realizado em “data Fifa”, que facilita a liberação para a seleção de jogadores que atuam em times estrangeiros.
Em etapas anteriores da preparação e na atual —o time está treinando na Granja Comary, no Rio—, a seleção enfrentou barreiras nas convocações. A decisão de liberar ou não um jogador é do clube, detentor de direitos sobre o seu contratado, em especial quando o período não está reservado pela Fifa. Entre outros, Lille, Bétis, Aston Villa, Sporting e Arsenal não facilitaram nesse aspecto.
Em função dessa dificuldade, é possível que a seleção não conte com sua hipotética força máxima na Colômbia, embora disponha de um conjunto com chances de garantir uma das vagas oferecidas para a Olimpíada.
Na campanha do ouro no Rio, a seleção teve o comando do técnico Rogério Micale, que deixou o cargo logo depois. O técnico André Jardine, com passagem pelo São Paulo, foi o escolhido para comandar a seleção no pré-olímpico pela CBF e pelo seu coordenador da base, Branco, tetracampeão do mundo em 1994.
Todo técnico quer montar seu time com o potencial máximo. Por precaução e para evitar contratempo, Jardine declarou que sempre teve substitutos nas listas de convocações e que também ocorreram consultas aos clubes sobre liberação de atletas.
Será que a CBF cumpriu a sua função e participou ativamente dessas consultas? Afinal, negociação no mundo do futebol envolve muita política. Quanto mais respeitada for uma representação, maior a chance de êxito nas relações internacionais.
As dúvidas, portanto, não são provocações, encontram respaldo na corrupção e na sem-vergonhice que mancharam mundialmente a CBF e a cartolagem brasileira nos últimos tempos. O futebol nacional é consagrado mundialmente, mas será que a sua entidade representativa detém respeito equivalente? Aí, independentemente do técnico, a porca torce o rabo.
Convocados de André Jardine para a seleção masculina:
Goleiros: Cleiton (Atlético Mineiro), Ivan (Ponte Preta) e Phelipe (Grêmio);
Laterais: Dodô (Shakhtar Donetsk-UCR), Guga (Atlético-MG), Iago (Augsburg-ALE) e Caio Henrique (Fluminense);
Zagueiros: Nino (Fluminense), Bruno Fuchs (Internacional), Robson Bambu (Athletico-PR) e Walce (São Paulo);
Meio campistas: Bruno Guimarães (Athletico-PR), Maycon (Shakhtar Donetsk-UCR), Igor Gomes (São Paulo), Matheus Henrique (Grêmio) e Reinier (Flamengo);
Atacantes: Antony (São Paulo), Bruno Tabata (Portimonense-POR), Pepê (Grêmio), Matheus Cunha (RB Leipzig-ALE), Paulinho (Bayer Leverkusen-ALE), Pedrinho (Corinthians) e Yuri Alberto (Santos).
Futebol olímpico feminino
A seleção feminina de futebol foi a primeira das modalidades coletivas do Brasil a garantir vaga na Olimpíada de Tóquio, que começa em julho. Em 1996 e 2000, a seleção ficou em quarto lugar, sendo derrotada na disputa do bronze por Noruega e Alemanha, respectivamente. Em Atenas-2004 e Pequim-2008, em ambas superada pelos Estados Unidos na decisão, conquistou a prata. Em Londres-2012, foi eliminada nas quartas pelo Japão. Na Rio-2016, terminou em quarto ao perder para o Canadá na definição do bronze.
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