Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Desafio das mulheres do basquete é a vaga olímpica

Seleção brasileira feminina estreia no Pré-olímpico na quinta-feira

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A seleção do Brasil tem um enorme desafio pela frente nesta semana, que vale vaga no torneio feminino de basquete dos Jogos Olímpicos de Tóquio, previstos para julho. As brasileiras buscam sua classificação no Pré-olímpico de Bourges, na França.

São quatro times na disputa de três vagas, apenas um será eliminado. Parece coisa fácil, mas não é. O Brasil joga suas chances contra Porto Rico (quinta-feira, 6), França (sábado) e Austrália (domingo).

Na Olimpíada, o torneio terá 12 participantes, sendo que o Japão, na condição de país-sede, e os Estados Unidos já estão com vagas asseguradas. Os dez postos restantes serão definidos nos próximos dias, com disputas em Belgrado (Sérvia) Bourges (França) e Ostende (Bélgica).
 
Apenas um grupo estava previsto para Belgrado, mas a cidade vai receber outro no mesmo período porque Foshan, na China, o local designado originalmente, está ameaçado pelo surto de coronavírus.

Foi uma mudança emergencial. A Fiba apontou as apropriadas condições oferecidas para o torneio e a possível entrada na Sérvia para cidadãos dos quatro países participantes (China, Grã-Bretanha, Coreia do Sul e Espanha).

A estreia das brasileiras contra as porto-riquenhas é um confronto praticamente decisivo, pois o vencedor dá passo importante para a classificação, levando-se em conta o favoritismo das outras duas rivais. No basquete, surpresas são raras. A Austrália foi prata no último Mundial, em 2018, quando a França terminou em quinto, Porto Rico na rabeira, em 16º, e o Brasil nem sequer chegou lá.

Depois de uma etapa de sucessos –ouro no Mundial da Austrália-1994 e medalhas olímpicas de prata em Atlanta-1996 e de bronze em Sydney-2000–, o basquete feminino do Brasil ficou estagnado, enquanto a prática do esporte evoluiu em vários países. A seleção nacional não conseguiu manter seu potencial após as retiradas das quadras de Paula, de Hortência, de Janeth e de outras jogadoras.

Simultaneamente, o basquete nacional foi abalado fortemente pelo endividamento vergonhoso provocado  por gestores da confederação brasileira da modalidade. Sob nova direção –presidência de Guy Peixoto, empresário e ex-jogador da seleção brasileira–, a entidade ainda vai precisar de muito esforço, focar as prioridades, investir no trabalho duro e promover a transparência para superar a crise.

Neste clima conturbado, o basquete estancou no país e perdeu protagonismo internacional tanto no masculino como no feminino. Uma discreta reação das brasileiras surgiu no ano passado, no Pan de Lima. A seleção nacional arrebatou o título da competição que não ganhava havia 28 anos, desde Havana-1991.

Lembram-se do líder cubano Fidel Castro, na quadra, reverenciando as meninas que haviam superado Cuba na final?

No evento peruano, por sua vez, a equipe do Brasil bateu uma renovada seleção dos Estados Unidos na decisão. Foi a primeira competição oficial do time sob o comando do técnico José Neto, que assumiu em maio passado e continua no cargo. Na campanha até aquela final, a seleção ganhou de Porto Rico, em jogo equilibrado (64 a 58). Logo depois, na Copa América, na casa das adversárias, garantiu novo triunfo por 95 a 66 na disputa do bronze.

Passado pouco tempo, agora o confronto entre brasileiras e porto-riquenhas é mais emblemático. O Brasil investiu na sua preparação. Venceu Argentina e Colômbia e perdeu para os EUA no pré-olímpico das Américas, classificando-se para o pré decisivo em Bourges. Na sequência dos preparativos, cumpriu sua meta, apesar de ter enfrentado contratempo por causa dos dias de interdição das instalações do Parque Olímpico do Rio, onde treinava.

O ajuste final ficou para a Europa. Encerraria as avaliações contra a Sérvia, em Belgrado, nesta segunda (3). Sem levar em conta o resultado, seria um teste interessante porque serviria de referência para as partidas contra francesas e australianas.

Seleção brasileira feminina foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru
Seleção brasileira feminina foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru - 10.ago.2019/COB

As jogadoras relacionadas pelo Brasil: armadoras - Débora Costa, Lays da Silva e Alana Gonçalo; alas/armadoras - Tainá Paixão, Isabela Ramona, Patrícia Teixeira; alas - Tatiane Pacheco e Raphaella Monteiro; alas/pivôs - Damiris Dantas, Mariana Dias e Clarissa Santos; pivôs - Erika Souza e Maria Carolina Oliveira.

Porto Rico realizou uma preparação curta para tentar a vaga olímpica, segundo informações de mídia. Mesmo assim reúne um bom conjunto de jogadoras. Três delas atuam nos Estados Unidos (Allison Gibson, Deanna Kuzmanic e Sofía Roma); quatro na Europa  (Dayshalee Salamán, Jennifer O’Neill, Sabrina Lozada-Cabbage e Jazmon Gwathmey; completam a lista Pamela Rosado, Daneichka Canales e Anushka Maldonado, Tayra Meléndez, Isalys Quiñone.

As mulheres passaram a competir no basquete olímpico em Montréal-1976, mas a seleção  brasileira não entrou e ficou fora também nos três eventos seguintes: Moscou-80, Los Angeles-84 e Seul-88. Estreou em Barcelona-92 (7.o) e não saiu mais: Atlanta-96 (prata), Sydney-00 (bronze), Atenas-04 (4º), Pequim-08 (11º), Londres-12 (9º) e Rio-16 (eliminada na fase de grupos).

Está na hora de uma reação do basquete, que em outras épocas chegou a ser o segundo esporte na preferência do torcedor brasileiro, atrás apenas do futebol.  Não dá para deixar o cavalo passar selado e não montar, mesmo que seja um pangaré. É a chance de passar logo depois para um alazão.

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