Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Atletismo brasileiro tem candidatos ao pódio, mas está difícil treinar

Atletas tiveram de reformular seus planos de treinamentos por causa da Covid-19

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O atletismo brasileiro enfrenta a pandemia da Covid-19 e busca oportunidades de treinamento que ajudem a sua equipe olímpica. A ideia é que a representação nacional chegue na Olimpíada de Tóquio —adiada deste mês para 23 de julho do ano que vem— preparada da melhor forma possível, independentemente dos obstáculos encontrados.

Não está fácil, levando-se em conta que os locais de treinamento estiveram fechados nos últimos meses por causa do coronavírus. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) optou por levar cerca de 200 atletas de várias modalidades para preparação em Portugal. Os selecionados viajam em grupos, por período, para estágio de 45 dias em centros modernos construídos naquele país.

O atletismo do Brasil já tem 17 representantes, mais os integrantes do revezamento 4 x 100 m masculino e 4 x 400 m misto, qualificados para os Jogos, mas as seletivas ainda reservam vagas. Portanto, outros competidores podem garantir índice, ampliando o time.

No ciclo olímpico iniciado após os Jogos do Rio-2016, três brasileiros do atletismo mostraram que reúnem chance de lutar por medalha no Japão: Darlan Romani, no arremesso do peso; Thiago Braz, no salto com vara; e Almir Cunha dos Santos, no salto triplo.

Todos tiveram de reformular seus planos de treinamentos por causa da Covid-19. Darlan, quarto colocado no Mundial de Doha, ano passado, colocou seu foco na Olimpíada. Quando a pandemia levou ao fechamento do seu local de preparação, não teve dúvidas, tratou de improvisar uma área de giro para manter-se em atividade num terreno ao lado de sua casa. A parceria com o treinador cubano Justo Navarro vai de vento em popa.

Darlan Romani improvisou local de treinamento em terreno baldio de Bragança Paulista
Darlan Romani improvisou local de treinamento em terreno baldio de Bragança Paulista - Amanda Perobelli - 5.mai.20/Reuters

Darlan é o atual recordista sul-americano, campeão brasileiro e pan-americano do arremesso do peso. Sob orientação de Navarro e treinamentos no centro da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), em Bragança Paulista (113 km de São Paulo), experimentou evolução de suas marcas nos últimos tempos. Ele não pretende ir para Portugal.

Almir Cunha dos Santos, no salto triplo, defende com empenho a tradição brasileira na especialidade, refletida pela conquista de seis medalhas olímpicas (duas com Adhemar Ferreira da Silva, duas com João do Pulo e duas com Nélson Prudêncio). Há 40 anos o Brasil não vai ao pódio, mas sempre teve representação de alto nível nas provas do triplo.

Almir volta a treinar na Sogipa, em Porto Alegre, acreditando que o protocolo de distanciamento da Covid-19 seja levantado de vez pelas autoridades. Portanto, retoma a preparação por aqui com o técnico José Haroldo Loureiro, o Arataca. Há dois anos, no Mundial Indoor de Birmingham (GBR), ele foi prata.

Em maio de 2018, Almir obteve sua melhor marca (17,53 m), em Guadalupe, no Caribe. Nos últimos meses, sem clube para treinar, viajou para a fazenda da família em Peixoto de Azevedo (MT), distante 692 km de Cuiabá. Aproveitou a fase para exercícios básicos, evitando a perda completa do condicionamento físico.

Thiago Braz ficou conhecido pelos esportistas brasileiros, no Rio, há quatro anos, quando deixou perplexos até especialistas com um salto de 6,03 m, que garantiu a medalha de ouro da vara diante do favorito, o francês Renault Lavillenie, prata com 5,98 m.

Surpresa! Sim, pois o brasileiro nunca tinha ultrapassado o sarrafo a seis metros de altura. A marca de Thiago é o novo recorde olímpico. Ele treina em Fórmia, Itália, sob o comando do técnico Vitaly Petrov. Quando está no Brasil, as orientações ficam por conta de Elson Miranda.

Nos saltos, tanto Thiago como Almir terão a companhia em Tóquio de compatriotas, que despontam nas especialidades. Será que podem também virar surpresas? Augusto Dutra é a sombra de Thiago na vara, tendo já superado 5,70 m várias vezes, e Alexsandro Melo mostra evolução, um triplista ousado. O time é forte, vale a pena aguardar um ano para conferir esse potencial.

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