Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Apesar da pandemia, segundo semestre terá eleições olímpicas

COB vai eleger novo presidente e sua Comissão de Atletas nos próximos meses

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Com raras competições confirmadas neste segundo semestre em consequência das alegadas medidas protetivas contra a pandemia de coronavírus, inclusive o adiamento da Olimpíada de Tóquio-2020 para o ano que vem, o esporte olímpico brasileiro volta suas atenções para a eleição de dirigentes em importantes setores da sua administração.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) abriu nesta segunda (10) o processo de candidatura para presidente, vice, representantes das confederações e membro independente do seu Conselho de Administração. O prazo vai até 8 de setembro e a eleição acontecerá no último trimestre deste ano, em data a ser definida.

O atual presidente da entidade, Paulo Wanderley, é candidato à reeleição. Também deve disputar a presidência o advogado Alberto Murray, um apaixonado pelo olimpismo. Dificilmente surgirá outra candidatura.

Há ainda importante pleito na área dos atletas, agendado para o período do próximo dia 24 ao 28, quando serão escolhidos os 25 integrantes da Comissão de Atletas para o ciclo 2021-2024. Dezenove deles poderão votar nas assembleias do COB.

Setenta e duas candidaturas foram pré-aprovadas, das quais 58 (33 mulheres e 25 homens) são de competidores que participaram dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, Sochi- 2014, Rio-2016 ou PyeongChang-2018.

Presidente do COB, Paulo Wanderley discursa no Congresso Olímpico Brasileiro
Presidente do COB, Paulo Wanderley discursa no Congresso Olímpico Brasileiro - Ana Patrícia-13.abr.19/Exemplus/COB

Para quatro das vagas, estão pré-inscritos 14 interessados (10 homens e 4 mulheres) que disputaram Jogos anteriores ao citados no parágrafo acima.

A Comissão de Atletas engatinha, mas veja um exemplo da importância que representa: o governo federal anunciou na semana passada o cancelamento do edital do Bolsa Atleta de 2020. Perdem com a medida os atletas olímpicos e paratletas que sonham com uma boa performance em Tóquio, ano que vem.

Atualmente, 6.357 esportistas do país recebem o Bolsa Atleta, a um custo anual de R$ 85,7 milhões, incentivo primordial em ano pré-olímpico. Por isso, os atletas precisam ganhar força para pressionar em decisões desse tipo.
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O COB, através de nota à imprensa, reconhece a relevância da Comissão de Atletas, que tem como objetivos estabelecer um ambiente de discussão e oferecer sugestões, recomendações ou informações sobre quaisquer assuntos relacionados com o Movimento Olímpico; representar os direitos e interesses dos atletas olímpicos; incentivar a presença feminina no esporte; e apoiar o desenvolvimento da educação dos jovens através do esporte.

Além disso, a comissão assume a responsabilidade de examinar questões relativas aos atletas olímpicos; manter contato constante com outras comissões de atletas nacionais e internacionais; apresentar sugestões nas questões referentes ao controle de dopagem; fazer indicação para eleição da Comissão de Atletas do COI (Comitê Olímpico Internacional).

O número de modalidades representadas na eleição (25) dá uma ideia da movimentação. O atletismo tem mais candidatos (9), seguido de desportos aquáticos (8), handebol (7), ginástica (5), canoagem (4) e ciclismo (4).

Completam a lista basquete (3), remo (3), tiro (3), triathlon (3), vôlei (3), boxe (2), hipismo (2), judô (2), rugby (2), taekwondo (2), vela (2), desportos no gelo (1), desportos na neve (1), hóquei sobre grama (1), levantamento de pesos (1), pentatlo moderno (1), tênis (1), tênis de mesa (1) e wrestling (1).

A participação dos atletas nas decisões sobre o esporte é cada vez mais necessária para o equilíbrio e o desenvolvimento do esporte de uma maneira geral, na base e mais ainda na alta performance. Na medida em que o setor se organiza mundialmente, e avança, surgem novas exigências que demandam mais recursos financeiros e mais conhecimento, bem como disponibilidade e exclusividade.

Os atletas necessitam de cobertura em todas as frentes (técnica, psicológica , médica, educação, alimentar e material, transporte e entre outras) para evoluir. Nada de improvisos. O mundo dos esportes demanda investimento.

Os tempos são outros. O esporte olímpico chegou na década de 80 ainda sob os rígidos conceitos do amadorismo, no qual os atletas não podiam ser remunerados nem se cogitava uniformes com menção a patrocinadores.

Enquadrados nas proibições eram banidos do esporte olímpico, então chamado de amador, restando aos punidos a hipótese de competir entre profissionais, sendo poucas as modalidades que tinham versões para os dois ramos.

As verbas para viagens e eventos vinham de governos, sendo sempre negociadas por dirigentes e políticos. Aos atletas cabia apenas treinar e competir. Não ficavam alijados apenas na área econômica, bem como no encaminhamento de reivindicações como, por exemplo, garantia de melhores condições para treinamentos, modernização de equipamentos ou participação no movimento de escolhas de dirigentes da modalidade. Enfim, ficavam na sombra dos cartolas.

Diante do advento do patrocínio, as coisas mudaram nos últimos 40 anos. A sofisticação e a modernização acompanharam a evolução nos esportes. Os atletas ganharam voz, que fica cada vez mais forte, embora ainda não suficiente para a demanda das exigências dos tempos modernos.

Atletas devem ser ativos em suas reivindicações sem deixar espaço para dirigentes oportunistas.

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